
Ela destaca que a Constituição assegura o devido processo legal e que é papel da advocacia defender esses pilares mesmo diante de temas politicamente sensíveis
A presidente reeleita da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, se posicionou sobre um dos temas mais sensíveis da atualidade: o julgamento e a condenação dos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas. Em entrevista concedida ao site RDNews, em abril de 2025, Gisela afirmou ser favorável à responsabilização penal dos envolvidos, mas criticou a desproporcionalidade das penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Sou a favor da punição, sou a favor de que todos respondam criminalmente, mas nos limites da sua atuação, considerando efetivamente o ato praticado e os efeitos daquele ato”, pontuou. Segundo ela, embora os crimes praticados em 8 de janeiro não possam ser ignorados, é necessário que o sistema de Justiça observe os princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade. “Quando se aplica uma pena de 17 anos, de 14 anos, a uma pessoa que participou, que pichou, para mim, é desrazoável”, disse.
Com a crescente mobilização por anistia — muitos protestos sendo convocados inclusive pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —, Gisela defende que esse debate seja feito de forma objetiva e serena. “A anistia precisa ser avaliada de uma forma mais objetiva. O que a gente não pode lidar é com essas penas desproporcionais”, reforçou.
Ela destaca que a Constituição assegura o devido processo legal e que é papel da advocacia defender esses pilares mesmo diante de temas politicamente sensíveis. “Não se trata de relativizar crimes, mas de garantir que a Justiça não perca sua essência ao julgar casos com forte repercussão social ou política”, argumentou.
A fala de Gisela também reflete uma postura equilibrada da OAB-MT, que desde os ataques de 8 de janeiro manteve sua posição em defesa da democracia e do Estado de Direito, mas sem abrir mão da crítica construtiva às decisões judiciais que ferem garantias fundamentais.