
A Justiça de Mato Grosso concedeu liberdade provisória ao capitão da Polícia Militar Cirano Ribas de Paula Rodrigues, preso em flagrante após agredir e insultar um soldado da corporação durante uma confusão em uma conveniência no município de Brasnorte (a 579 km de Cuiabá). A decisão foi proferida pelo juiz Fábio Alves Cardoso, do plantão da Comarca de Brasnorte, que considerou que a liberdade do militar não representa perigo às vítimas ou testemunhas do caso.
Apesar de reconhecer que há prova suficiente da materialidade dos delitos cometidos pelo oficial, o magistrado entendeu que o afastamento de Cirano do cargo de comandante do Pelotão de Brasnorte reduz qualquer possibilidade de intimidação. “Ao que consta nos autos, logo após a prisão, o custodiado foi exonerado da função de comandante do Pelotão Militar de Brasnorte, de forma que não poderá exercer influência no ânimo das vítimas e testemunhas do caso, já que estas não mais estarão subordinadas ao comando daquele”, justificou o juiz.
O episódio de agressão aconteceu na madrugada da última terça-feira (18) e foi parcialmente registrado por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver o momento em que Cirano, durante uma discussão, aplica um golpe de “mata-leão” no colega soldado.
Cirano foi preso em flagrante pelos crimes de desacato, lesão corporal e dano a coisa alheia. Além disso, foi acusado de injúria racial, difamação e ameaça. Segundo relatos, o capitão, visivelmente embriagado, iniciou a confusão ao insultar o soldado, chamando-o de “corno” e fazendo comentários ofensivos sobre sua esposa e até mesmo sobre a paternidade do filho recém-nascido da vítima.
A situação escalou quando o comandante tomou as chaves do carro do soldado e ordenou que ele se sentasse no chão do estabelecimento, o chamando de “cachorro” e “preto”. O irmão da vítima, também soldado, também foi alvo de ofensas.
Na tentativa de se proteger, a vítima tentou gravar o episódio com o celular, mas o aparelho foi tomado e quebrado por Cirano. Funcionários do local testemunharam a cena e acionaram a polícia. Parte da agressão foi flagrada pelas câmeras de segurança da conveniência.
Ao decidir pela soltura, o juiz destacou que o capitão é réu primário e não há registros de ocorrências semelhantes em sua ficha funcional, considerando o caso um “fato isolado”. Como medidas cautelares, Cirano deverá manter endereço e telefone atualizados, comparecer a todos os atos processuais e manter distância mínima de 300 metros das vítimas, além de não poder manter contato com elas por nenhum meio.
A Polícia Militar de Mato Grosso confirmou que Cirano foi exonerado da função de comandante logo após o episódio.