A tão aguardada obra de contenção no Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães (64 km de Cuiabá), enfrenta um impasse técnico que deve adiar o cronograma inicialmente anunciado. O governador Mauro Mendes revelou nesta terça-feira (24) que estudos geológicos aprofundados identificaram inconsistências na rota planejada, tornando inviável a execução do projeto nos moldes originais.
De acordo com Mendes, as dificuldades foram percebidas assim que a empresa Lotufo Engenharia e Construção iniciou os trabalhos de acesso e limpeza no local. “Quando foram fazer o início das obras, que a empresa chegou e acessou alguns pontos, percebeu algumas dificuldades. Foi solicitado então o aprofundamento das sondagens”, explicou o governador.
Essas novas análises exigiram mobilização de equipamentos e recursos extras, com sondagens realizadas a partir do topo do morro para avaliar a real condição das rochas. O resultado, segundo Mendes, indicou uma situação desafiadora. “Os estudos iniciais mostraram uma grande dificuldade, ou quase impossibilidade, de prosseguir naquela rota. Isso é uma decisão técnica, não política”, ressaltou.
A cobrança por mais transparência sobre o andamento da obra foi lembrada por moradores e lideranças da região, e o governador assegurou que os números e informações do projeto permanecem públicos. Ele defendeu a revisão como necessária diante da “surpresa do tipo de solo” detectado na área.
Apesar do impasse, Mendes demonstrou otimismo e disse acreditar que um novo veredito técnico deve ser apresentado nos próximos dias. “Eles me prometeram isso até o final do mês”, afirmou.
A obra
Orçada em R$ 29,5 milhões, a obra de retaludamento no Portão do Inferno foi anunciada em março de 2024, com prazo inicial de 120 dias. O objetivo é reduzir o risco de deslizamentos de terra na perigosa curva do trecho, por meio do retaludamento — técnica que envolve a retirada de parte do maciço rochoso e a formação de taludes (degraus) para conter o solo.
O projeto também previa o recuo da estrada em dez metros, eliminando a passagem sobre o viaduto existente e aumentando a segurança para motoristas e visitantes da região, um dos principais destinos turísticos de Mato Grosso.
Com as novas exigências técnicas, o governo aguarda agora a definição de uma solução alternativa para que a obra, considerada urgente, possa avançar.
