
O Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada uma das maiores facções criminosas do Brasil, está presente em pelo menos 28 países, segundo um levantamento inédito do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A facção já conta com 2.078 integrantes identificados fora do Brasil, dos quais 1.092 estão presos e 986 seguem soltos.
A expansão chama atenção pela abrangência geográfica e pela sofisticação das operações. O Paraguai é o país com maior concentração de membros da facção, com 699 identificados, sendo 358 em liberdade. Em seguida estão Venezuela (656), Bolívia (146) e Uruguai (140).
Além dos países sul-americanos, o PCC tem presença pontual em locais como Alemanha, Suíça, Líbano e Sérvia, onde foi identificado ao menos um integrante solto em cada.
Recrutamento internacional e rotas de tráfico
De acordo com o MP-SP, o grupo criminoso utiliza presídios estrangeiros como centros de recrutamento, o que amplia sua rede de atuação fora do Brasil. A expansão está ligada, principalmente, ao tráfico de drogas — com destaque para a cocaína — e à conexão com rotas internacionais que abastecem Europa, África e Ásia.
O relatório também aponta que a facção articula parcerias com outras organizações criminosas internacionais, como a máfia italiana ‘Ndrangheta, para facilitar a exportação e distribuição de drogas no mercado europeu.
Uma ameaça global
O crescimento do PCC no exterior preocupa autoridades por diversos motivos:
- Internacionalização do crime, com impacto direto na segurança pública de outros países.
- Aumento do tráfico internacional de drogas e armas.
- Lavagem de dinheiro em escala transnacional, dificultando o rastreamento dos recursos ilegais.
- Fortalecimento da facção a partir de prisões internacionais, que acabam funcionando como núcleos de aliciamento.
Origem e evolução
Criado no início da década de 1990 dentro dos presídios paulistas, o PCC transformou-se em uma organização complexa e estruturada. Além do narcotráfico, a facção atua com extorsão, sequestro, contrabando, corrupção, crimes ambientais e até fraudes digitais.
De acordo com estimativas oficiais, a facção já chegou a ter cerca de 40 mil membros no Brasil e no exterior.
Ações para conter o avanço
Promotores defendem cooperação entre países e reforço na inteligência policial internacional para enfrentar o avanço do grupo. Também alertam para a importância de revisar a política prisional em diversas nações, a fim de impedir que as penitenciárias continuem servindo de base para a expansão da facção.