
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), reunido em sessão extraordinária com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aprovou nesta quarta-feira uma nova composição para os combustíveis veiculares, com o objetivo de estabilizar os preços diante das pressões geradas pela crise internacional do petróleo.
A partir de 1º de agosto, a gasolina comercializada no país deverá conter 30% de etanol em sua fórmula, aumento em relação aos 27% atuais. No diesel, o teor de biodiesel subirá de 14% para 15%.
Impactos para o consumidor
- Veículos flex: não haverá alteração no desempenho ou na autonomia, pois o motor já é calibrado para diferentes proporções de etanol e gasolina.
- Carros a gasolina pura: proprietários poderão sentir variação na performance e consumo ligeiramente superior, refletindo-se em custos de manutenção e abastecimento.
- Caminhões e frotas: com o diesel mais “verde”, há expectativa de redução marginal de emissões, mas também de mudanças no rendimento do combustível.
Segundo o governo, a medida busca diluir o impacto do aumento do preço do barril de petróleo no mercado interno, transferindo parte do custo para biocombustíveis mais baratos. No entanto, especialistas apontam que, sem subvenções ou controle de margens, o alívio pode ser limitado.
Contexto internacional
A guerra no Oriente Médio intensificou temores de escassez e alta nos valores do petróleo, algo que afeta diretamente a cotação dos combustíveis no Brasil. O aumento do conteúdo de biocombustíveis é considerado uma solução paliativa, já que não ataca as causas estruturais das flutuações de preços.
“Medidas emergenciais como essa podem dar algum fôlego, mas não substituem políticas de longo prazo — como diversificação de matriz e incentivos à produção nacional de etanol e biodiesel”, avalia o economista Ana Clara Mendes, pesquisadora em energia renovável.
Cronograma e fiscalização
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) terá até o dia 1º de agosto para garantir que as refinarias e usinas alcancem o novo percentual. Postos de todo o país serão submetidos a testes de qualidade para atestar o cumprimento da norma.
O setor de transporte e sindicatos de caminhoneiros foram consultados, mas já manifestaram cautela, ressaltando que a tarifa de frete pode ser ajustada diante de alterações no rendimento do diesel.