
O falecimento da publicitária brasileira Juliana Marins, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, provocou uma onda de comoção e revolta que ultrapassou as fronteiras geográficas e chegou às redes sociais. O episódio desencadeou um embate virtual entre brasileiros e indonésios, com trocas de acusações, ironias e até referências a tragédias recentes ocorridas nos dois países.
Nos últimos dias, perfis oficiais dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Prabowo Subianto foram invadidos por usuários dos dois países. Inicialmente, brasileiros cobraram respostas e responsabilização do governo indonésio pela demora e suposta negligência no resgate de Juliana, que caiu em um desfiladeiro no sábado (21). A jovem chegou a ser localizada com vida por drones, mas o resgate só foi concluído três dias depois, quando ela já estava morta.
Em resposta, indonésios reagiram com críticas à postura dos brasileiros e passaram a comentar em massa nas redes sociais de Lula, com mensagens em tom de deboche e ataques diretos ao Brasil. Muitos disseram que os brasileiros estavam desinformados e exagerando nas críticas. “Por favor, eduque seus cidadãos”, comentou uma internauta indonésia, alegando que os ataques ao presidente Prabowo eram injustos.
Outros usuários fizeram comparações com o acidente com um balão de ar quente ocorrido recentemente em Santa Catarina, que deixou oito mortos. “Vocês disseram que têm equipes de resgate sofisticadas. Por que não salvaram os passageiros do balão?”, escreveu um perfil indonésio.
A família de Juliana Marins questiona a conduta das autoridades indonésias. Inicialmente, eles foram informados de que a brasileira havia recebido água e comida, mas essa informação foi desmentida posteriormente. O laudo da autópsia, divulgado nesta sexta-feira (27), concluiu que a morte de Juliana ocorreu cerca de 20 minutos após a queda, em decorrência de múltiplas fraturas e lesões internas.
A repercussão do caso gerou mobilização no Brasil. O presidente Lula ordenou o translado do corpo da brasileira, e uma campanha de arrecadação superou R$ 340 mil para ajudar o alpinista local que auxiliou nas buscas. O senador Romário (PL-RJ) propôs um projeto de lei que facilita o repatriamento de corpos de brasileiros mortos no exterior.
O caso expôs não apenas as fragilidades nos sistemas de resgate de áreas remotas, mas também como as redes sociais se tornaram campos de batalha digital diante de tragédias internacionais. Entre as críticas legítimas e os exageros nacionalistas, a dor da perda de Juliana reacende o debate sobre responsabilidade, empatia e os limites da reação pública em tempos de conexão global.