
A Avenida Paulista, em São Paulo, voltou a ser palco de uma grande manifestação política neste domingo (29), desta vez em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que responde a investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. Organizado pelo pastor Silas Malafaia e convocado pelo próprio Bolsonaro, o ato atraiu milhares de apoiadores sob o mote “Justiça Já”.
Com a presença de figuras políticas como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC), além de parlamentares bolsonaristas como Nikolas Ferreira, Caroline de Toni, Magno Malta e o senador Flávio Bolsonaro, o evento teve forte apelo ideológico, críticas ao Supremo e defesa da elegibilidade de Bolsonaro para 2026.
Apesar do tom mais brando em comparação a atos anteriores — evitando reivindicações explícitas por intervenção militar — os discursos concentraram-se em pedidos por anistia aos presos pelos ataques de 8 de janeiro e repúdio ao que chamam de censura nas redes sociais, especialmente após declarações recentes da ministra Carmen Lúcia.
Durante o evento, aliados criticaram a responsabilização das plataformas digitais pelo conteúdo de seus usuários. “Carmen Lúcia foi porta-voz da maior sandice que já ouvi em minha vida”, afirmou o senador Magno Malta (PL-ES), reagindo à fala da ministra que classificou a internet brasileira como uma “ágora de 213 milhões de pequenos tiranos”.
Em meio às falas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e deputados como Gustavo Gayer, Sóstenes Cavalcante e Pedro Lupion também se dirigiram ao público. A manifestação também foi marcada por cartazes que exaltavam figuras como Donald Trump e mensagens de apoio a Eduardo Bolsonaro, que está atualmente nos Estados Unidos.
No centro das atenções, Bolsonaro adotou um tom combativo, mas também tentou se distanciar dos atos mais radicais, como já vinha fazendo nos últimos meses. Em entrevistas recentes, ele chamou de “malucos” os que pediam intervenção militar após sua derrota nas urnas. No entanto, aliados como o senador Flávio Bolsonaro têm deixado claro que o apoio à próxima candidatura presidencial da direita pode estar condicionado a um eventual indulto para o ex-presidente.
O julgamento da chamada “trama golpista” avança no STF. As testemunhas e réus já foram ouvidos, e o ministro Alexandre de Moraes abriu o prazo para as alegações finais do Ministério Público. A expectativa é que o caso seja levado a julgamento ainda no segundo semestre, com risco de uma pena que pode ultrapassar 40 anos de prisão, caso Bolsonaro seja condenado.
Mesmo inelegível até 2030, o ex-presidente tenta manter sua base mobilizada e posicionar aliados para a disputa presidencial de 2026, num cenário em que nomes como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema ganham força como possíveis candidatos.


