
Foto: Ricardo Stuckert
Deputados e senadores do Partido dos Trabalhadores (PT) destinaram, entre 2017 e 2024, cerca de R$ 5,5 milhões em emendas parlamentares à Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho — mantenedora da TV dos Trabalhadores (TVT), canal de televisão com linha editorial alinhada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com levantamento, os repasses foram feitos por 21 parlamentares da legenda, entre eles os atuais ministros Alexandre Padilha (Saúde), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Os recursos públicos, segundo a emissora, são direcionados para a produção de novos quadros e programas com foco em comunicação educativa e na divulgação de pautas de interesse social.
A TVT é mantida principalmente pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo. Conforme explica Maurício Júnior, diretor da emissora e conselheiro da fundação, os valores oriundos de emendas parlamentares cumprem papel complementar no financiamento do canal. “Essas produções fortalecem a democracia, ampliam o acesso à informação de qualidade e contribuem para uma comunicação mais inclusiva e plural. Sem esse apoio, muitas dessas histórias deixariam de ser contadas”, defendeu.
Segundo ele, a TVT apresenta anualmente seus projetos a parlamentares aliados, presta contas da aplicação das verbas e mantém interlocução constante com os apoiadores, que participam da programação e justificam publicamente a destinação dos recursos.
O modelo, embora comum em entidades e veículos ligados a movimentos sociais, costuma ser alvo de críticas de opositores do governo, que questionam o uso de verba pública para financiar canais com posicionamento político definido. A fundação e os parlamentares, por sua vez, argumentam que o financiamento amplia a diversidade de vozes no ambiente midiático e fortalece a comunicação comunitária e independente.