
Nesta sexta-feira, 18 de julho, Mato Grosso se despede com pesar de uma de suas maiores referências na luta pelos direitos das mulheres: Ana Emília Iponema Brasil Sotero. Advogada, professora e doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, Ana Emília deixa um legado inapagável de coragem, sensibilidade e compromisso com a justiça social.
Gaúcha de nascimento — nasceu em Porto Alegre, em 7 de maio de 1956 — e mato-grossense por escolha de vida e missão, ela se destacou nacionalmente como uma voz firme e acolhedora no combate à violência contra a mulher. Foi superintendente de Políticas para Mulheres do Governo de Mato Grosso e assessora técnica multidisciplinar na Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência do Tribunal de Justiça do Estado.
Mais do que os títulos e cargos que ocupou com maestria, Ana Emília foi uma mulher de escuta atenta, palavras precisas e ações transformadoras. De dentro dos tribunais, das salas de aula e dos palcos onde palestrava, ela abriu caminhos e acolheu dores — muitas vezes, silenciadas pela violência.
Sua atuação era marcada pelo olhar humano: entendia as estruturas, mas nunca esquecia os rostos. Em podcasts, palestras, seminários ou simples conversas, falava com autoridade e empatia, tornando complexas questões de gênero compreensíveis a todos. Como presidente da Associação Brasileira de Mulheres, contribuiu ativamente para o avanço das políticas públicas de proteção e equidade no Brasil.
Nas redes sociais, Ana Emília também mostrava outra face de sua luta: a pessoal. Compartilhava momentos íntimos, fragilidades, pequenas conquistas do cotidiano — nos lembrando que a mulher que lutava por tantas outras, também era feita de afetos, sonhos e desafios próprios.
Sua partida deixa uma lacuna profunda nas instituições, nos espaços de poder, nas rodas de conversa e nos corações de todos que tiveram o privilégio de conviver com ela.
À sua família, amigos e admiradores, nossa solidariedade e respeito. E às mulheres de Mato Grosso, que hoje perdem uma de suas mais importantes defensoras, o compromisso de honrar sua memória com a continuidade do trabalho que ela iniciou — e que jamais poderá ser esquecido.
Ana Emília Sotero vive em cada mulher que encontrou voz, proteção e esperança por causa de sua luta.