
Os gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o cartão corporativo da Presidência da República somaram R$ 55 milhões desde o início do atual mandato, em janeiro de 2023. O número, obtido por meio de levantamento com base em dados oficiais, corresponde a uma média de aproximadamente R$ 1,8 milhão por mês ou R$ 55 mil por dia, até julho de 2025.
A cifra chama ainda mais atenção quando comparada aos gastos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que totalizaram R$ 394 mil no mesmo período — cerca de R$ 13 mil mensais.
A diferença gerou críticas e reabriu o debate sobre a transparência no uso dos cartões corporativos por autoridades do alto escalão. Especialistas apontam que esse tipo de despesa, muitas vezes, escapa do escrutínio público. “Tudo o que o governo não quer que a população saiba, ele joga no cartão corporativo”, disse um analista político ouvido sob reserva.
Boa parte dos gastos permanece sob sigilo, com a justificativa de “segurança institucional”. Além disso, despesas como passagens aéreas, hospedagens e diárias em viagens presidenciais não estão incluídas no valor apontado — o que reforça os questionamentos sobre em que, exatamente, o valor milionário vem sendo aplicado.
O debate se intensifica em meio a um cenário de contenção de gastos e crise fiscal. Órgãos como INSS e Correios enfrentam dificuldades orçamentárias, com atrasos em contratações, fila de benefícios represados e cortes em serviços essenciais. Enquanto isso, o governo federal defende a criação de novos tributos e medidas de ajuste fiscal para conter o rombo nas contas públicas.
Parlamentares da oposição já sinalizam a intenção de propor maior controle e divulgação detalhada dos gastos com cartões corporativos, defendendo que a sociedade tenha pleno acesso às despesas realizadas com recursos públicos.