
A operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, realizada na última sexta-feira (18), acendeu um alerta entre caminhoneiros de várias regiões do país — e colocou o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) no centro das atenções. Referência para parte expressiva da categoria desde as manifestações de 2021, o parlamentar tem sido pressionado para encabeçar uma nova paralisação nacional.
“Estou sendo cobrado pelos caminhoneiros para liderar esse movimento. Há um sentimento de revolta e um chamado para voltar às ruas”, afirmou Zé Trovão neste domingo (20). Em resposta às demandas da base, ele marcou uma reunião para esta segunda-feira (21), em Brasília, com lideranças da categoria, parlamentares de direita e representantes do agronegócio. O encontro deve definir os rumos do movimento.
O deputado deixou claro que, caso haja consenso entre os setores mais mobilizados, ele estará pronto para atuar diretamente nas estradas. “Irei me reunir com os pontas de lança nesta segunda-feira. Se todos entenderem que é o momento de uma paralisação, eu estarei na pista junto com eles”, declarou.
Movimento dividido
Apesar do apoio de alguns grupos, a ideia de uma nova greve não é unânime. A Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS) já afirmou que seus associados não pretendem parar — pelo menos por enquanto. “Não vamos parar nada, a não ser que não se cumpra com o que o governo prometeu em outubro de 2024”, disse o presidente da cooperativa.
Já na Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC), o clima é de maior adesão. Segundo o presidente da entidade, se houver mobilização nacional, boa parte da categoria em Santa Catarina deve seguir o movimento. “Se o povo decidir que esse é o caminho, estaremos com o povo ou seremos parados por uma guerra ideológica”, afirmou.
Contexto
A última grande paralisação dos caminhoneiros aconteceu em 2018, motivada pelos sucessivos aumentos no preço do diesel. A greve durou dez dias e provocou uma crise logística nacional, com desabastecimento de alimentos, combustíveis e remédios.
Ainda não há confirmação oficial de nova paralisação, mas a pressão sobre Zé Trovão aumenta. A reunião desta segunda-feira deve definir se a categoria volta ou não a cruzar os braços — e se o deputado estará, mais uma vez, à frente das mobilizações.