
A vida do advogado brasiliense Renad Langamer Cardozo de Oliveira virou um pesadelo após ter sua identidade usada por um golpista em uma série de crimes conhecidos como “golpe do amor”. Durante pelo menos quatro anos, um estelionatário se passou por ele, seduziu mulheres em diferentes estados e embolsou grandes quantias sob falsos relacionamentos amorosos.
O criminoso utilizava o nome falso de “Renato”, mas se apresentava como advogado e usava fotos reais de Renad, além de informações pessoais sobre sua vida e círculo familiar. A suspeita é que o golpista captava as vítimas em redes sociais e aplicativos de relacionamento, forjando vínculos afetivos para obter vantagens financeiras. Uma das vítimas, que mora no Maranhão, perdeu sozinha R$ 410 mil em transferências realizadas ao longo de 18 meses de namoro virtual.
Renad só tomou conhecimento dos golpes em junho de 2021, quando foi procurado por uma mulher que o cobrava por supostas dívidas de um relacionamento. “Neguei qualquer vínculo e deixei claro que não a conhecia. Depois, outras mulheres começaram a me procurar, e percebi que estavam usando minha imagem para enganar essas pessoas”, relatou o advogado.
Ao todo, pelo menos seis mulheres em diferentes estados afirmam ter se envolvido com o falso “Renato”. Em todos os casos, o padrão se repetia: conversas carinhosas, juras de amor e, depois, pedidos de ajuda financeira por meio de transferências via Pix. “O estelionatário usa dados verdadeiros da minha vida para dar veracidade às mentiras”, explicou Renad, que desativou suas redes sociais e passou a orientar todas as vítimas a procurarem a polícia.
O caso mais grave envolve a mulher maranhense que ingressou com ação civil contra Renad, cobrando a devolução do valor perdido. No processo, mesmo após ele apresentar defesa provando não ser o autor do golpe, a vítima apresentou um suposto acordo de pagamento fraudado com assinatura digital falsa. “O documento não foi feito por mim, o e-mail era outro, e o conteúdo foi forjado”, afirmou.
Renad registrou boletins de ocorrência nas delegacias de Taguatinga Sul e Brazlândia, no Distrito Federal. Segundo ele, também precisou acionar a polícia após receber áudios com ameaças de uma das vítimas. “Ela dizia que viria ao meu escritório e procuraria meus pais para dizer que eu apliquei o golpe”, contou.
O caso chama atenção para a fragilidade da segurança digital e o impacto devastador que golpes de identidade podem causar, não apenas às vítimas diretas, mas também às pessoas inocentes cujas imagens e dados são apropriados pelos criminosos.