
Renato Nery
A Justiça de Mato Grosso acatou o pedido do Ministério Público e tornou réus os agricultores Julinere Goulart Bentos e Cesar Jorge Sechi pelo assassinato do advogado Renato Gomes Nery, ocorrido em julho de 2024, em Cuiabá. A decisão foi proferida na segunda-feira (21) pelo juiz Francisco Ney Gaiva, da 14ª Vara Criminal da capital.
Além da inclusão dos dois como réus, o magistrado também deferiu o pedido de retificação de trechos da acusação inicial, reforçando os elementos da denúncia apresentada pelos promotores do Núcleo de Defesa da Vida da Comarca de Cuiabá.
Julinere e Cesar passam agora a responder formalmente por homicídio qualificado — cometido por motivo torpe, com uso de meio que resultou em perigo comum e com recurso que dificultou a defesa da vítima —, agravado ainda pelo fato de o advogado ter mais de 60 anos. Eles também foram denunciados por associação a organização criminosa.
Segundo o MPMT, o crime foi meticulosamente planejado. Julinere seria a autora intelectual e coordenadora do assassinato, enquanto Cesar teria atuado no planejamento financeiro. Ambos estariam à frente de um “núcleo de comando” dentro de uma organização criminosa estruturada, formada por diversos agentes com funções específicas.
As investigações revelaram quatro núcleos operacionais:
- Comando: Julinere Goulart Bentos e Cesar Jorge Sechi, ligados a interesses contrariados por uma disputa fundiária vencida por Nery;
- Intermediação: Jackson Pereira Barbosa (intermediário principal), Ícaro Nathan Santos Ferreira (fornecedor da arma e responsável por repasses), e Heron Teixeira Pena Vieira (coordenador operacional);
- Execução: Heron Vieira e Alex Roberto de Queiroz Silva (executor);
- Obstrução: Grupo que teria ocultado a arma do crime e forjado contextos para dificultar as investigações.
Renato Gomes Nery, de 72 anos, foi assassinado a tiros em frente ao seu escritório, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no dia 5 de julho de 2024.
O aditamento à denúncia foi assinado pelos promotores Rinaldo Segundo, Vinicius Gahyva Martins e pela promotora Élide Manzini de Campos. Eles também solicitaram a retificação das informações relativas ao policial militar Ícaro Nathan Santos Ferreira, apontado como um dos responsáveis pela logística do crime.