A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quarta-feira (30), a Operação Sepulcro Caiado, com apoio do Tribunal de Justiça do Estado (TJMT), para desarticular uma organização criminosa responsável por fraudes que podem ter causado prejuízos superiores a R$ 21 milhões aos cofres públicos.
Ao todo, são cumpridas mais de 160 ordens judiciais nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP), incluindo 11 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão, 46 quebras de sigilo fiscal e bancário, bloqueio de mais de R$ 21,7 milhões, além do sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.

Entre os alvos de prisão estão Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa Franca, João Gustavo Ricci Volpato, Luiz Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themiss Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza, Mauro Ferreira Filho e Denise Alonso.
As investigações da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá revelaram um sofisticado esquema de fraudes em processos judiciais, com envolvimento de empresários, advogados e servidores do Judiciário.
O grupo ajuizava ações de cobrança com valores muito superiores às dívidas reais, utilizando documentos falsos e simulando pagamentos por meio de comprovantes forjados. Um servidor do TJMT era responsável por transferir valores da Conta Única do Tribunal para contas vinculadas aos processos, o que possibilitava o resgate de alvarás e o desvio do dinheiro.
De acordo com a Polícia Civil, foram identificados pelo menos 17 processos fraudulentos entre 2018 e 2022. A mudança nas regras internas do TJMT, a partir de 2023, dificultou a continuidade das fraudes, mas a investigação segue em andamento para apurar a real dimensão do esquema.

Algumas vítimas descobriram ações desconhecidas em seus nomes, com dívidas “quitadas” de até R$ 1,8 milhão, quando, na verdade, os valores reais não passavam de R$ 100 mil. Em um dos casos mais graves, uma pessoa interditada judicialmente foi usada no esquema.

O grupo responderá pelos crimes de organização criminosa, estelionato, falsificação de documento particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, patrocínio infiel e lavagem de capitais.

O nome da operação, “Sepulcro Caiado”, faz alusão à expressão usada para descrever algo que aparenta integridade por fora, mas é corrupto por dentro — numa referência direta à conduta dos investigados.
O Tribunal de Justiça colaborou com as investigações, auxiliando na identificação das fraudes e reforçando o compromisso com a transparência e o combate à corrupção.
