
O juiz eleitoral Romeu da Cunha Gomes, da 56ª Zona Eleitoral de Brasnorte (587 km de Cuiabá), determinou a cassação do diploma e a inelegibilidade por oito anos do vereador Reginaldo Martins Ribeiro (MDB), mais conhecido como “Carreirinha”. A sentença foi proferida com base em conduta abusiva do parlamentar, que utilizou os meios de comunicação da Câmara Municipal — rádio e internet — para propagar ataques pessoais, ofensas e vídeos com conteúdo sexual envolvendo o ex-delegado Eric Fantin (PL), então candidato a prefeito nas eleições de 2020.
De acordo com o magistrado, Reginaldo extrapolou os limites da liberdade de expressão política, ao fazer uso reiterado da tribuna para insultar Fantin com termos como “sem caráter”, “canalha” e “vagabundo”, além de insinuar traições conjugais e divulgar vídeos considerados adulterados, com insinuações de encontros sexuais com profissionais do sexo, tanto homens quanto mulheres.
O juiz destacou que as ações configuram uso indevido dos meios de comunicação, com ampla repercussão e gravidade suficiente para comprometer a igualdade da disputa eleitoral. Em uma das gravações divulgadas na época, o então candidato Eric Fantin aparece em diálogo com uma mulher que se identifica como garota de programa. O conteúdo foi negado por Fantin inicialmente, mas depois ele reconheceu que atravessava uma fase delicada em seu casamento.
Mesmo com a campanha manchada pelos ataques, Fantin perdeu a eleição por apenas 155 votos para Edelo Ferrari (UB), que também acabaria cassado por compra de votos e aliciamento de indígenas. Com isso, o município caminha para novas eleições, mas o nome de Eric Fantin foi vetado pelo diretório estadual do PL.
Repercussão e escândalos adicionais
A decisão judicial determina ainda que, após o trânsito em julgado, a Justiça Eleitoral proceda com a retotalização dos votos para o cargo de vereador e comunique a nova composição à Câmara Municipal de Brasnorte.
Além do escândalo envolvendo Eric Fantin, “Carreirinha” também foi alvo de moção de repúdio durante a campanha ao divulgar áudios ofensivos contra os próprios eleitores do município. Em mensagem direcionada ao presidente da Câmara, Gilmar das Obras (UB), ele chamou apoiadores do delegado de “quengas, cornos e emocionados”. A fala viralizou nas redes sociais e aplicativos de mensagens, ampliando o desgaste do então candidato.
“Tem muita mulher querendo ir, mas não querem misturar, por isso tem que separar as categorias”, dizia um trecho do áudio.
A sentença representa uma resposta firme do Judiciário contra práticas eleitorais abusivas e o uso distorcido da função pública para fins eleitorais ilícitos.
