
Durante a abertura da 5ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável (CDESS), nesta terça-feira (5), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou que o governo brasileiro irá apresentar, no próximo dia 18 de agosto, uma resposta oficial às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
O anúncio ocorre em meio a tensões diplomáticas e comerciais entre os dois países, acirradas desde que o governo norte-americano, sob Donald Trump, instituiu a sobretaxa. Cerca de 700 itens brasileiros, entre eles produtos do agronegócio e da indústria de base, foram poupados da primeira leva, mas estão sob ameaça de uma elevação tarifária para até 100% em caso de retaliação.
Apesar da expectativa, Vieira não antecipou o conteúdo da resposta brasileira. A medida poderá envolver desde uma nota oficial até contrataxas ou ações no âmbito de organismos internacionais como a OMC (Organização Mundial do Comércio).
“Acreditamos que a via do diálogo e das tratativas objetivas é o caminho mais eficiente para beneficiar tanto os setores produtivos quanto os consumidores brasileiros”, declarou o ministro, durante o evento, conhecido como “Conselhão”.
O chanceler destacou ainda que manteve, no final de julho, uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, com o intuito de buscar alternativas bilaterais que amenizem o impacto sobre os exportadores nacionais.
Trump pressiona e ameaça com novas tarifas
Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, declarou que não aceitará qualquer tipo de retaliação comercial por parte do Brasil. Segundo ele, se o governo Lula responder com tarifas semelhantes, os Estados Unidos dobrarão as taxações para até 100% sobre a lista de produtos ainda não atingidos.
A retórica inflamada amplia a pressão sobre o governo brasileiro, que precisa equilibrar os interesses do agronegócio — um dos setores mais atingidos — com a necessidade de preservar as relações diplomáticas com seu segundo maior parceiro comercial.
O Conselhão, reinstalado pela atual gestão, reúne representantes da sociedade civil, como empresários, lideranças indígenas, artistas, sindicalistas, professores e influenciadores digitais. A composição do grupo será reformulada a partir de quinta-feira (7), segundo informações do Palácio do Planalto.
O tema do tarifaço americano dominou os debates da reunião, revelando preocupação generalizada com os efeitos sobre emprego, balança comercial e investimentos estrangeiros.
