
Alta Floresta (MT) – O professor Celso da Silva Queiroz, afastado de suas funções pela Prefeitura de Alta Floresta, quebrou o silêncio e falou ao portal Clique Notícias sobre a polêmica em torno de uma atividade escolar que abordava o uso de preservativos em uma turma do 5º ano. O conteúdo, segundo ele, fazia parte da disciplina de ciências e foi desenvolvido dentro da temática de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), conforme previsto nas Diretrizes Curriculares Municipais (DCM).
O caso ganhou repercussão estadual após um pai de aluna publicar em suas redes sociais a imagem de uma questão com teor sexual, o que gerou indignação pública e manifestações políticas, como uma moção de repúdio anunciada pela deputada estadual Janaína Riva (MDB).
“Eu não estou com coragem de sair nem ali na rua. Tudo que estão colocando é como se eu tivesse inventado isso do nada”, disse o professor, visivelmente abalado com as consequências da divulgação.
Queiroz defendeu-se explicando que a atividade não era uma prova, mas uma tarefa pedagógica, revisada previamente pela coordenação da escola. “A coordenadora olhou e disse que estava bom. Tanto que eu tenho a ata na escola em que ela confirma isso”, afirmou, negando que tenha agido por conta própria.
Ele também destacou que a menção ao uso de preservativos foi feita com o objetivo de ensinar formas de prevenção de ISTs. “O nome já diz: doenças sexualmente transmissíveis. E uma das formas de prevenção mais eficazes é o uso de preservativos. Foi isso que eu trabalhei”, pontuou.
O professor relatou que, ao perceber o desconforto de uma aluna e saber que a família dela não aprovava o conteúdo, buscou orientação da coordenação. “Fui conversar com a coordenadora, que chamou o diretor. Ele entrou na sala e acabou explicando o conteúdo junto comigo.”
“Sem más intenções”
Queiroz negou veementemente qualquer tentativa de inserção ideológica na sala de aula. “O erro foi nas palavras escolhidas, que realmente poderiam ter sido melhores. Mas não houve má intenção. Eu só quis trabalhar a realidade de forma educativa e acessível”, disse.
O conteúdo em questão foi interpretado por alguns como uma atividade de matemática, devido ao uso de porcentagens, mas segundo o professor, fazia parte do plano interdisciplinar envolvendo ciências e gráficos — algo recorrente nas turmas de 5º ano.
Natural de Alta Floresta, Celso formou-se em pedagogia em 2022, concluiu uma pós-graduação no ano seguinte e retornou à cidade natal após anos de atuação como monitor de creche em Nova Mutum. Emocionado, ele desabafou sobre o impacto do episódio em sua vida pessoal: “Voltei com orgulho, por concurso público, e agora estou no meio de uma tempestade. Só quero que a verdade venha à tona.”
A Prefeitura de Alta Floresta abriu procedimento administrativo para apurar o caso. A Secretaria Municipal de Educação afirmou, em nota, que o conteúdo em questão não constava no material didático oficial da rede e que a gestão não compactua com politização da educação.