
Leandro Mota Pereira conhecido como Pai Leandro de Oxóssi
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga Leandro Mota Pereira, conhecido como Pai Leandro de Oxossi, por suspeita de dopar, coagir, ameaçar e abusar sexualmente de mulheres e uma adolescente que frequentavam um terreiro de umbanda em Sobradinho. Os crimes teriam ocorrido entre maio de 2024 e junho de 2025, e todas as vítimas têm entre 17 e 30 anos.
Segundo os depoimentos colhidos durante a investigação, o líder espiritual teria utilizado a confiança das vítimas e a crença religiosa para cometer os abusos. Em diversos casos, ele alegava estar incorporado por entidades espirituais e dizia que os atos sexuais seriam parte de “ritos determinados” pelo plano espiritual. O nome de entidades populares, como Zé Pilintra, teria sido usado para justificar os abusos.
Em um dos episódios mais graves relatados à polícia, uma adolescente de 17 anos afirmou que passou a dormir no terreiro a convite do religioso. Ela contou que era constantemente incentivada a tomar chás ou sucos oferecidos por ele. Após ingerir as bebidas, acordava com dores, cólicas e sangramentos. Em uma das noites, ao beber apenas um gole, acordou no meio da madrugada e encontrou Leandro nu sobre ela. A jovem relatou que o suspeito tentou impedir seus gritos, cobrindo sua boca, e seguiu com o ato. Segundo a vítima, ele teria dito que, caso contasse a alguém, faria um ritual para causar a morte de seu irmão.
Outra vítima contou que procurou o terreiro em busca de apoio emocional e espiritual, mas acabou sendo levada pelo investigado até uma loja de artigos religiosos, onde ele teria forçado relações sexuais. Os abusos teriam se repetido em outros locais, inclusive na casa da vítima. Em um dos casos, ela foi agredida fisicamente e teve as mãos amarradas durante o ato. A mulher relatou ainda que foi ameaçada de ter seu celular invadido e passou a ser vigiada constantemente. Para fugir do controle, precisou mudar de cidade e de número de telefone.
As vítimas relataram um padrão de comportamento: o pai de santo mirava mulheres em situação de vulnerabilidade emocional, oferecendo acolhimento espiritual e, posteriormente, isolando-as para cometer os abusos.
Procurado, Leandro negou todas as acusações. Disse jamais ter mantido qualquer tipo de relação sexual com as denunciantes, nem mesmo consentida, e afirmou que as cerimônias realizadas no terreiro sempre contaram com a presença de outros membros. Ele também negou ter dopado ou ameaçado qualquer mulher. “Jamais ameacei ninguém, nunca hackeei celular algum, e nunca agredi nenhuma mulher”, declarou em nota.
A Polícia Civil segue investigando o caso sob sigilo e avalia a existência de outras vítimas que ainda não formalizaram denúncia. O inquérito apura crimes como estupro, estupro de vulnerável, ameaça, coação e violação mediante fraude religiosa.