
Estou agora na Califórnia, em San Francisco, onde o famoso Julgamento de Paris ainda ecoa na memória dos produtores locais como um momento de vitória inesperada — aquele que tirou Napa Valley e Sonoma da sombra da França e os colocou no mapa mundial do vinho. Ali, assim como eu, Nicolás Catena Zapata se inspirou na qualidade dos vinhos da região nos anos 1980, reconhecendo o papel da UC Davis na formação de enólogos e na pesquisa vitícola. Essa experiência o motivou a buscar parcerias científicas para aprimorar os vinhos argentinos, que hoje brilham no mundo todo.
A apenas uma hora de carro das partes sul de Napa e Sonoma, encontrei a magia do clima fresco, da neblina e dos ventos da Baía de São Francisco, perfeitos para Chardonnay e Pinot Noir. A North Coast AVA, uma denominação ampla que inclui Napa, Sonoma, Mendocino, Lake, Marin e Solano, concentra algumas das áreas mais prestigiadas para essas uvas — e eu queria provar tudo.

Minha viagem pelo vinho começou na Winery SF, onde descobri o People’s Blend Blanc, um elegante Sauvignon Blanc com pequenas doses de Roussanne, Marsanne, Off Blanc e Pinot Noir. Cítricos, toranja, limão, mineralidade do solo vulcânico vermelho… um vinho refrescante que combina com frutos do mar leves e aves delicadas.
Logo depois, o Chardonnay North Coast, maturado em carvalho neutro, surpreendeu pela delicadeza: maçã verde, Gravenstein, pera fresca, mineralidade e acidez agradável — um francês californiano sem manteiga, elegante e fresco.
No Chardonnay Reserve – Adobe Creek Vineyard, de vinhedo único, senti a riqueza do carvalho francês novo: frutas maduras, notas de caramelo e biscoito graham, acidez equilibrada e aquela doçura das frutas assadas — torta de maçã, pera assada, melão maduro. Uma verdadeira festa para o paladar.

O Melange Maison V, blend de Syrah, Grenache e Mourvèdre, trouxe frutas maduras — amora, ameixa — e um toque picante de pimenta-do-reino. Taninos leves, final longo e fácil de beber, perfeito para acompanhar queijos e charcutaria.
No Dolcetto de Mendocino, um vinho de vinhedo único e intervenção mínima, a elegância dominava: cereja preta, mineralidade suave, amêndoas e um toque final de grafite. Um vinho delicado, que combina de cordeiro a frios, sem esforço.
O Cabernet Sauvignon North Coast, clássico da Califórnia, apresentou cereja preta, amora, cassis, toque de baunilha e taninos firmes, ideal para carnes encorpadas. E para fechar, o Glitter, espumante levemente doce à base de Chardonnay, estilo Prosecco, leve, fresco e perfeito para brindes e sobremesas.

Entre vinhos, a cidade também me encantou: os carros da Tesla e os táxis autônomos passeando pelas ruas, a tecnologia pulsando, enquanto nos hospedávamos em um hotel francês no centro, com fácil acesso a restaurantes deliciosos, daqueles que parecem saídos de filme.
San Francisco é um livro aberto: cada bairro, uma página; cada esquina, um verso. A Golden Gate majestosa, Chinatown com aromas de especiarias e tradições, Mission District vibrante com murais que contam histórias de amor e resistência. Até em Cupertino, com o Apple Park, é possível sentir a energia de uma cidade que mistura tradição e inovação com tanta naturalidade quanto um gole de vinho perfeito.
San Francisco é poesia líquida e urbana, é brisa da baía e sol dourado, é vinho, é sonho… e eu só queria brindar a tudo isso.
Até a próxima!!!
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