
A Polícia Civil deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação Primatus, com o objetivo de desarticular um grupo ligado a facção criminosa que atuava em Aripuanã, no norte de Mato Grosso. A investigação revelou um esquema que envolvia tráfico de drogas, homicídios, tortura, lavagem de dinheiro e extorsões contra comerciantes, garimpeiros e compradores de ouro.
Ao todo, foram expedidos 62 mandados judiciais, incluindo 26 prisões preventivas, 26 buscas e apreensões, quatro bloqueios de valores — que somam até R$ 1 milhão —, quatro sequestros de veículos e a suspensão das atividades de duas empresas da região.
As ordens são cumpridas principalmente em Aripuanã, mas quatro mandados de prisão foram direcionados a detentos já recolhidos em unidades penitenciárias de Cuiabá.
Estrutura criminosa
Após dois meses de investigação, a Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco) constatou que o grupo operava com uma estrutura organizada, com funções definidas entre os membros: líderes, responsáveis por “julgamentos”, aplicação de castigos (“salves”), distribuição de drogas e até controle de qualidade dos entorpecentes.
Havia também integrantes encarregados de ações sociais, como a entrega de cestas básicas a famílias carentes. Segundo a polícia, as cestas eram financiadas com dinheiro do tráfico ou compradas por pessoas coagidas pela facção como forma de punição.
“Conseguimos identificar e qualificar a atuação dessa facção em Aripuanã. A maioria dos alvos já possui antecedentes criminais”, afirmou o delegado Rodrigo Azem, da Draco.
Extorsão no garimpo
O braço financeiro da facção explorava a economia local por meio de extorsões a garimpeiros, compradores de ouro e proprietários de áreas de extração mineral. Em alguns casos, os criminosos cobravam até 2% sobre a comercialização do ouro ou sobre transações de compra e venda de áreas de exploração.
Além disso, o grupo atuava na cobrança de dívidas particulares, recebendo um percentual sobre os valores recuperados mediante ameaças.
Bens e empresas
Na ofensiva, a polícia sequestrou quatro veículos de luxo — uma Dodge Ram, uma RAM 3500, uma Toyota Hilux e um Chevrolet Camaro. Também foram suspensas as atividades de duas empresas em Aripuanã, uma de terraplanagem e outra de comércio de alimentos, suspeitas de ligação com a facção.
Mobilização policial
A Operação Primatus é conduzida pela Draco, pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Aripuanã, com apoio de cerca de 80 policiais civis de diversas unidades do estado, além da Core e do Ciopaer.