
Duas mulheres que cumpriram pena por crimes graves têm chamado atenção nas redes sociais ao compartilhar suas vivências no sistema prisional. Camila Miranda do Amaral, de 30 anos, e Amanda Karoline da Silva Cunha, de 32, transformaram suas trajetórias em conteúdo digital, atraindo milhares de seguidores e reacendendo a discussão sobre ressocialização no Brasil.
Camila Miranda do Amaral, ex-traficante, acumula 320 mil seguidores no TikTok e já ultrapassa 8 milhões de visualizações em seus vídeos. Condenada a 11 anos e 6 meses de prisão por tráfico de drogas, cumpriu cinco anos e meio em regime fechado e três anos com tornozeleira eletrônica. Diante da dificuldade de inserção no mercado formal, encontrou na internet uma forma de reconstruir sua vida e hoje fatura cerca de R$ 6 mil por mês com monetização e publicidade, segundo o jornalista Ulisses Campbell.
Entre seus conteúdos mais comentados, Camila aborda a desigualdade no tratamento de homens e mulheres dentro das prisões. Em um vídeo viral, relata que enquanto visitava o marido durante a detenção dele, não recebeu visitas do companheiro quando esteve presa, refletindo sobre o abandono sofrido por muitas mulheres encarceradas.
Já Amanda Karoline da Silva Cunha foi condenada pelo assassinato do marido. Aos 32 anos, cumpre pena em regime aberto e se reinventou como escritora e palestrante. Com cerca de 30 mil seguidores no Instagram, ela responde perguntas sobre o crime, a prisão e o uso da tornozeleira eletrônica. Sua autobiografia, “De Tambaba à prisão”, que narra episódios de violência doméstica que antecederam o crime, já vendeu mais de 5 mil exemplares e lhe rendeu uma cadeira simbólica na Academia Brasileira do Cárcere. Além do livro, Amanda também ministra palestras, cobrando entre R$ 300 e R$ 500, onde trata de temas como feminicídio e violência conjugal.
O sucesso das duas, no entanto, não vem sem críticas. Internautas questionam a monetização de conteúdos ligados a crimes, acusando-as de lucrar com o passado. Camila afirma que não se abala com os comentários negativos, destacando que foi presa por tráfico e não por assassinato. Amanda, por sua vez, diz nunca ter sido procurada pela família do marido.
A trajetória de ambas tem levantado debates sobre o papel das redes sociais no processo de ressocialização e a forma como a sociedade encara pessoas que já cumpriram pena. Enquanto conquistam espaço e audiência, Camila e Amanda dividem opiniões e reforçam a necessidade de discutir preconceito e reintegração social no Brasil.