
O ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, declarou nesta quarta-feira (17) que decidiu preservar documentos e registros de supostas irregularidades ocorridas durante o período em que trabalhou na Corte. O depoimento foi prestado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, uma de suas funções era elaborar relatórios sobre parlamentares e figuras públicas ligadas à direita, que eram encaminhados ao então presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes.
“Desde que eu entrei no tribunal, percebi que o trabalho não era compatível com meus princípios, ainda mais quando pediam para deletar mensagens. Eu sou perito, trabalho com provas, não apago provas”, afirmou.
Tagliaferro disse ainda que manteve os registros por receio de represálias: “Eu sabia que lá na frente poderia divulgar isso caso algo errado acontecesse. Pessoas de fora já têm suas vidas destruídas, imagina dentro do tribunal”.
De acordo com ele, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) era um dos principais alvos dos pedidos de monitoramento feitos a Moraes. “Os nomes eram Carla Zambelli, Allan dos Santos, Constantino, Figueiredo… eram os principais alvos do ministro. Existiam outros, mas a deputada Carla Zambelli era um dos principais pedidos”, relatou.
Tagliaferro deixou o TSE em maio de 2023, após ser preso sob acusação de violência doméstica contra a esposa. Ele afirma que chegou a pedir exoneração diversas vezes, mas que suas solicitações teriam sido ignoradas: “Minhas solicitações foram rasgadas”.
Atualmente, o ex-assessor é investigado pelo suposto vazamento de mensagens de servidores ligados ao gabinete de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na CCJ, ele prestou depoimento como testemunha no processo que avalia a cassação do mandato de Zambelli. A deputada está detida na Itália e aguarda decisão sobre um pedido de extradição ao Brasil, após ser condenada pelo STF a dez anos de prisão por participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).