
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) surpreendeu ao afirmar que é favorável à criação de cotas sociais para pessoas trans e travestis. A posição, considerada divergente em relação ao discurso predominante na direita, foi revelada durante entrevista ao podcast Cortadas do Firmino, exibido em 26 de julho.
Segundo a parlamentar, esse público é “duplamente vulnerável”, enfrentando barreiras tanto no acesso à educação quanto na inserção no mercado de trabalho.
“Tenho uma identificação muito grande com as travestis. É muito fácil você conseguir um emprego para um gay, para uma lésbica, para um trisal, mas a travesti, pelo jeito exuberante dela, você não encontra num banco, não encontra em lojas. Elas não vão para a faculdade, não estudam, não ingressam no mercado de trabalho”, afirmou.
Damares acrescentou que a discussão sobre qualificação de pessoas trans e travestis já era abordada desde o governo Jair Bolsonaro (PL), quando ela esteve à frente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Segundo a senadora, o próprio ex-presidente a orientou a “cuidar deste público”.
“Nós chegamos a arrancar lágrimas do Bolsonaro. Era um governo conservador, com políticas conservadoras, mas reconhecemos que quem havia ficado para trás eram as travestis”, disse.
Apesar da fala, a gestão Bolsonaro foi marcada por embates com a comunidade LGBTQIAP+. Em 2021, o então presidente extinguiu o Departamento de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (DPLGBT). Além disso, sua articulação levou à suspensão de um vestibular específico para pessoas trans, travestis, intersexuais e não binárias na Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), na Bahia e no Ceará.