
A recente operação “Carbono Oculto”, que investiga a venda de combustíveis adulterados em diversos estados, reacendeu o alerta sobre golpes que lesam os consumidores. Além da preocupação com a qualidade do produto, especialistas destacam outro tipo de prática ainda mais difícil de identificar: a fraude volumétrica.
Nesse esquema, dispositivos eletrônicos ocultos nas bombas manipulam a medição. O visor exibe uma quantidade de litros, mas o tanque recebe menos do que foi pago. Sem inspeção técnica, praticamente não há como o motorista perceber a diferença.
Para combater esse tipo de fraude, uma nova tecnologia começou a ganhar força no Brasil: as chamadas bombas antifraude. Esses equipamentos contam com um dispositivo conhecido como Pulser, responsável pela medição do volume de combustível. Diferente dos modelos convencionais, esse componente é selado e transmite os dados de forma criptografada, com assinatura digital. Assim, não há possibilidade de manipulação entre a medição e o visor.
O Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo (IPEM-SP) lançou recentemente uma plataforma que informa quais postos já utilizam a tecnologia. A iniciativa busca dar mais segurança ao consumidor e reconhecer empresários que apostam na transparência.
“É importante que os consumidores sejam informados de que existe essa opção de equipamento. Muitos donos de postos estão investindo nessa tecnologia, com objetivo de garantir um abastecimento dentro dos padrões”, afirma Stelmo Carneiro, diretor-geral da empresa Wayne Fueling System, primeira fabricante a lançar bombas compatíveis com o novo Regulamento Técnico Metrológico (RTM) do Inmetro.
Com os avanços das investigações sobre adulteração e fraude no setor, especialistas reforçam: tão importante quanto exigir combustível de qualidade é garantir que a quantidade paga chegue, de fato, ao tanque do consumidor.