
A Polícia Civil deflagrou, nesta terça-feira (30), a quinta fase da “Operação Eclipse”, que desvendou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro operado por uma facção criminosa com atuação em Água Boa e ramificações em Rondonópolis e Barra do Garças. A ação foi coordenada pela Delegacia de Água Boa e contou com apoio de unidades da Diretoria do Interior, da Metropolitana, da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) e do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
No total, foram cumpridas 18 ordens judiciais expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá, sendo sete mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão, além de bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens. A operação resultou em seis prisões, entre elas a de João Paulo Lopes da Cruz, assessor do vereador Ary Campos (PT), de Rondonópolis.
Durante as diligências, os policiais apreenderam grande quantidade de dinheiro em espécie, documentos com registros de movimentações financeiras, celulares e outros dispositivos que devem subsidiar o avanço das investigações.
Segundo o delegado responsável, Bruno Gomes, a investigação mirou no núcleo financeiro da facção. “Essa investigação busca ir no eixo central que mantém esses grupos criminosos, que é a parte financeira. Nossa apuração identificou que o grupo atuava como uma factoring, emprestando dinheiro inclusive para comerciantes das cidades investigadas”, destacou.
Estrutura do esquema
As apurações revelaram que o grupo utilizava uma fachada chamada “Vale Crédito”, que se apresentava como empresa de empréstimos, mas na prática operava um sistema clandestino de agiotagem e lavagem de capitais. A estrutura permitia a inserção de recursos ilícitos, principalmente provenientes do tráfico de drogas, no comércio local, mediante a cobrança de juros abusivos e pulverização de valores em contas de terceiros para dificultar o rastreamento.
Sem registro formal, a atividade era controlada diretamente por membros da facção, com divisão de funções e atuação organizada em diferentes municípios de Mato Grosso.
De acordo com a Polícia Civil, a operação representa um passo estratégico no enfrentamento ao crime organizado no Estado, ao atingir o braço financeiro que sustenta a atuação dessas organizações.