
Foto: Ricardo Stuckert / PR
O chamado “kit reeleição” do governo Lula, que inclui ampliação de programas sociais e alterações tributárias, acendeu alertas sobre a sustentabilidade das contas públicas. Especialistas apontam que as medidas podem criar um cenário econômico mais vulnerável nos próximos anos.
Aumento da dívida pública e rigidez orçamentária
A dívida pública brasileira cresceu de 71,7% do PIB em dezembro de 2022 para 77,5% em julho de 2025, e pode chegar a 84% até o fim de 2026. Grande parte dos gastos do governo é obrigatória — atrelada ao salário mínimo e ao envelhecimento populacional — o que limita a capacidade de controle orçamentário sem reformas estruturais.
Flexibilização dos precatórios
A promulgação da PEC dos Precatórios em setembro de 2025 permitiu que dívidas reconhecidas pela Justiça fossem excluídas do limite de gastos do governo e teve seus juros reduzidos de 15% ao ano para IPCA mais 2%. Os valores não contarão para a meta fiscal de 2026 e serão reincorporados gradualmente nos anos seguintes. Analistas veem a medida como um adiamento do enfrentamento dos problemas fiscais, o que pode afetar a confiança dos investidores.
Conflito entre política fiscal e monetária
O aumento de gastos do governo, previsto em 3% reais para 2026, coincide com a manutenção de juros altos pelo Banco Central para controlar a inflação. Essa combinação pode gerar pressão inflacionária e criar um cenário de “pouso forçado” para a economia brasileira em 2027.
Conclusão
Embora popular no curto prazo, o “kit reeleição” apresenta riscos significativos às finanças públicas. Sem ajustes estruturais, o Brasil pode enfrentar dificuldades econômicas semelhantes às de crises passadas, comprometendo a estabilidade fiscal e o crescimento futuro.