
O ex-ministro José Dirceu, figura histórica do Partido dos Trabalhadores (PT) e um dos aliados mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não teria condições físicas nem psicológicas de cumprir pena em um presídio comum.
A declaração foi feita em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta segunda-feira (6). Segundo Dirceu, as condições precárias do sistema penitenciário brasileiro e o quadro de saúde fragilizado de Bolsonaro tornam inviável sua permanência em um ambiente prisional convencional.
“Acho muito improvável que se possa colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário que é controlado pelo crime organizado. As condições são péssimas. E como o estado de saúde dele está se agravando, porque parece que isso é real, eu não vejo como é que ele pode entrar no sistema penitenciário”, afirmou.
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar há dois meses, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o condenou a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de coação da Justiça durante o processo sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Desde então, o ex-presidente já foi hospitalizado três vezes, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra o indiciamento formal do ex-chefe do Executivo.
Dirceu também comparou o caso de Bolsonaro ao do ex-presidente Fernando Collor, que cumpre pena em regime domiciliar desde maio, condenado a 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro. Collor foi diagnosticado com apneia do sono e Parkinson, e, segundo Dirceu, o mesmo critério de vulnerabilidade deveria ser aplicado ao ex-mandatário do PL.
Além das questões médicas, o petista afirmou que Bolsonaro demonstra sinais de instabilidade emocional. “Me parece que ele é uma pessoa psicossomática, que vai acelerando, muito instável. Não é uma pessoa que tem autocontrole. Todo mundo sofre na prisão, todo mundo tem depressão, chora, chama a mamãe, reza”, declarou.
Em outro trecho da entrevista, Dirceu criticou as propostas de revisão das penas impostas aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, classificando a movimentação da direita como “incoerente” diante da gravidade dos crimes cometidos.