
Detida na Itália desde 29 de julho, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) enviou uma carta ao ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, na qual faz uma série de acusações contra autoridades brasileiras e estrangeiras.
No documento, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo advogado Fabio Pagnozzi, Zambelli afirma que o ministro italiano teria “acolhido a decisão injusta e sem provas de um juiz brasileiro, que foi recentemente sancionado pelo presidente Trump”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Carla teve último recurso rejeitado para uma prisão domiciliar enquanto aguardava a decisão final sobre pedido de extradição contra ela.
Ainda na carta, a parlamentar sustenta que “o Senado brasileiro está prestes a iniciar o processo de impeachment contra esse juiz da Suprema Corte”. Zambelli também associou o ministro italiano a governos e grupos que ela classificou como autoritários.
“O senhor está ao lado que apoia Hamas, tráfico de drogas, terrorismo, Irã, regimes narcoditadores como na Venezuela, ditadura de Cuba, entre outros pela América do Sul e África. De mãos dadas com o presidente que disse não à extradição de Cesare Battisti, mesmo ele não sendo cidadão brasileiro”, escreveu.
Viagens para Brasil
Carla Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão por ser acusado de envolvimento no ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em janeiro de 2023.
Segundo a investigação, ela teria contratado Walter Delgatti Neto, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, para invadir o sistema e criar um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes, assinado com a própria assinatura digital do ministro.
De acordo com o depoimento de Delgatti, a ação tinha como objetivo demonstrar supostas fragilidades do sistema eletrônico da Justiça brasileira. Zambelli, por sua vez, rejeita a acusação e afirma ser vítima de perseguição política e tem pedido apoio internacional para obter a revogação de sua prisão.
https://www.instagram.com/p/DPlvtEojXb7/embed/captioned/?cr=1&v=14&wp=675&rd=https%3A%2F%2Fdireitaonline.com.br&rp=%2Fcarla-zambelli-detona-ministro-justica-italia%2F#%7B%22ci%22%3A0%2C%22os%22%3A2782.5%2C%22ls%22%3A1644.800000000745%2C%22le%22%3A2189.5%7D
Carlo Nordio (Treviso, 6 de fevereiro de 1947) é um político, ensaísta e ex-magistrado italiano, atuando como Ministro da Justiça no governo Meloni desde 22 de outubro de 2022.
Nordio iniciou sua carreira na magistratura em 1977. Na década de 1980, conduziu importantes investigações sobre as Brigadas Vermelhas venezianas e casos de sequestro, conseguindo desarticular a organização e garantir a condenação de todos os envolvidos.
Entre 1993 e 1995, ele se dedicou à investigação das chamadas “cooperativas vermelhas” (ou “COOPs vermelhas”), analisando contratos que envolviam 278 pessoas, incluindo líderes do Partido Democrático de Esquerda, como os secretários Achille Occhetto e Massimo D’Alema.
Apesar das suspeitas iniciais, não foram encontrados indícios de suborno suficientes para levar à acusação, e Nordio pediu o arquivamento de 180 investigados — entre eles D’Alema. Para outros 69 casos, o GUP declarou a incompetência territorial de Nordio.
Nas eleições antecipadas de 2022, Nordio concorreu à Câmara dos Deputados pelo partido Irmãos da Itália, no círculo eleitoral uninominal Veneto 1-03 (Treviso), com apoio da coligação de centro-direita.
Em julho de 2025, o ministro esteve no centro de uma decisão polêmica do governo: foi anunciada a intenção de transferir 10 mil detentos (16% do total) para regimes alternativos de cumprimento de pena, como prisão domiciliar e liberdade condicional.
Nordio afirmou que uma força-tarefa, formada por integrantes do Judiciário e de penitenciárias, foi criada para analisar os casos. Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, ele destacou que “superlotação e mortes nas prisões são dois problemas graves” que exigem soluções urgentes.