
O governo Lula iniciou na última sexta-feira (10) a exoneração de indicados políticos ligados a deputados que se posicionaram contra a medida provisória (MP) que aumentava impostos, configurando a primeira retaliação a integrantes da base que não seguiram as orientações do Palácio do Planalto. A informação foi revelada em bastidores e publicada pela Folha de S.Paulo.
Cinco superintendentes regionais de ministérios vinculados ao MDB e PSD perderam seus cargos. Segundo fontes do Planalto ouvidas pelo jornal paulista, os aliados haviam sido alertados de que a votação da MP seria decisiva, e quem votasse contra estaria, na prática, sinalizando que não fazia mais parte da base governista.
Entre as exonerações publicadas no Diário Oficial da União estão superintendentes do Ministério da Agricultura nos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Maranhão, além da superintendente do DNIT em Roraima, vinculada ao Ministério dos Transportes.
As demissões provocaram descontentamento dentro do PSD. Parlamentares da sigla classificaram a medida como “pouco inteligente e sem sentido”, lembrando que o partido foi o segundo maior apoiador da MP, atrás apenas do PT.
Na votação, a bancada do PSD ficou dividida: 20 votos a favor e 18 contra, contrariando orientação do presidente da sigla, Gilberto Kassab, que havia recomendado posição contrária à MP. No MDB, a divisão também foi evidente: 16 votos a favor e 14 contra.
Além dos ministérios, as exonerações atingiram cargos comissionados em estatais, como Correios e Caixa Econômica Federal, embora essas saídas não sejam publicadas no Diário Oficial.
A MP tinha como objetivo gerar R$ 20 bilhões em receita adicional para o Orçamento de 2026, permitindo ao governo manter investimentos e evitar cortes em um ano eleitoral. Com a derrota da medida, o Executivo precisará buscar novas fontes de arrecadação ou reduzir despesas.