
Você sabia que uma das maiores revoluções da viticultura mundial nasceu aqui mesmo, em solo brasileiro? Pois é! A famosa dupla poda, ou poda invertida, é um orgulho nacional, uma daquelas ideias que misturam observação, ousadia e um pouquinho de teimosia boa, bem do nosso jeito.
Tudo começou em Minas Gerais, lá pelos anos 2000, com o pesquisador Murillo Regina, da Epamig. A proposta parecia ousada: enganar a videira! 🌿 Em vez de deixá-la produzir no verão época quente e chuvosa, quando as uvas sofrem, ele propôs duas podas por ano, invertendo o ciclo natural da planta. Assim, a colheita passou a acontecer no inverno, sob clima seco e temperaturas amenas. Mas atenção Não se colhe duas vezes por ano!
A planta só produz uma safra anual, mas em uma época “invertida” por isso o nome poda invertida. E o resultado? Uvas de qualidade surpreendente e vinhos elegantes, cheios de personalidade.

Hoje, essa técnica já se espalhou por várias regiões do Brasil — Sul de Minas, Chapada Diamantina (BA), Planalto Central (DF) e Mato Grosso e até Vale do São Francisco (PE/BA). Onde antes se dizia que “não dava pra fazer vinho fino”, a dupla poda chegou para provar o contrário.
E o que beber para celebrar essa invenção brasileira?
Que tal um Syrah de inverno, como os da Vinícola Maria Maria, em Três Pontas (MG), ou um Tempranillo da Luiz Porto, em Cordislândia? São vinhos que exibem toda a elegância que o clima seco e o sol de inverno podem oferecer: taninos macios, aromas de frutas negras maduras e um toque de especiarias irresistível.
Na mesa, eles vão lindamente com pratos da nossa cozinha afetiva:
• um arroz com costelinha, cheio de sabor e memórias;
• um pintado grelhado com manteiga de garrafa, se quiser um toque mais cuiabano;
• ou até uma carne de lata, para lembrar as raízes mineiras de onde essa história começou.
Mais do que uma técnica, a dupla poda é uma celebração da criatividade brasileira da capacidade de olhar para o que parecia um problema (o calor, a chuva, o solo) e transformar em oportunidade. É a prova de que o vinho brasileiro está mais vivo, diverso e inspirador do que nunca.

Um brinde à ciência, à curiosidade e, claro, ao nosso terroir tropical.
Porque, convenhamos: nenhum outro país faz vinho com tanta alma e sol quanto o Brasil.
Até a próxima
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Parabéns! Obrigada pelo excelente o esclarecimento! Não sabia que a origem da dupla poda era brasileira!!!