
O acirramento da disputa entre facções criminosas em Fortaleza (CE) voltou a provocar o deslocamento forçado de famílias inteiras, fenômeno que as autoridades classificam como “deslocamento urbano” — quando moradores precisam abandonar suas casas por medo da violência. Nas últimas semanas, bairros da periferia registraram novos casos de expulsões, especialmente na Boa Vista, área atualmente marcada por confrontos entre facções rivais.
Segundo informações do jornal Diário do Nordeste, equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram acionadas no dia 17 de outubro para atender ocorrências de expulsão de moradores no bairro. As vítimas precisaram ser escoltadas por agentes de segurança após receberem ordens de criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV), facção de origem carioca que tenta expandir seu domínio na região.
Relatos apontam que as expulsões ocorreram na Rua 30 de Abril, território recentemente tomado pelo CV, em disputa direta com o grupo local Massa Carcerária. Um dos moradores contou à polícia que, logo após a saída das famílias, criminosos invadiram e ocuparam as casas. Durante a ação policial, dois homens foram encontrados em uma das residências — um fugiu, e o outro, identificado como Ítalo Gabriel Gomes Menezes, foi preso em flagrante.
A escalada da violência vem se intensificando desde setembro. Em diversas áreas da capital, o Comando Vermelho realizou queimas de fogos por três dias consecutivos para celebrar a tomada de novos territórios estratégicos para o tráfico de drogas. Em reação, a facção Guardiões do Estado (GDE) anunciou uma aliança com o Terceiro Comando Puro (TCP), do Rio de Janeiro, com o objetivo de enfrentar o CV. A Massa Carcerária, por sua vez, mantém atuação independente.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), entre janeiro e agosto de 2025 foram realizadas 1.418 prisões e apreensões de suspeitos ligados a facções criminosas no Ceará — um aumento de 61,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o número era de 878. Apesar das operações, moradores seguem temendo novas expulsões em áreas dominadas por grupos rivais.