O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), fez duras críticas na manhã desta segunda-feira (3) a políticos que tentaram homenagear criminosos mortos durante a Operação Contenção — ação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28). Segundo ele, o episódio revela a força que o crime organizado alcançou ao se infiltrar na política brasileira.
“Não é novidade pra ninguém que essas facções criminosas cresceram tanto o seu poderio econômico que começaram, já há alguns anos, a investir no poder político. Eles estão elegendo vereadores, deputados estaduais e até membros do Congresso Nacional. Isso não é novidade pra ninguém”, afirmou Mendes em entrevista à Rádio Bandeirantes.
A operação teve como alvo o Comando Vermelho, uma das principais facções criminosas do país. Após o confronto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), pediu um minuto de silêncio pelos mortos. O mesmo pedido foi feito pela vereadora Luna Zarattini (PT), na Câmara Municipal de São Paulo, e gerou forte discussão entre os parlamentares.
Mauro Mendes considerou “difícil” comprovar a relação direta entre políticos e facções, mas defendeu que o tema seja investigado pela polícia. O governador afirmou ainda que há casos em que o crime organizado influencia o voto de comunidades inteiras.
“Eles começam dominando algumas comunidades e exigindo que se vote no candidato A, B ou C, que tem algum tipo de ligação e vai pra lá representar os interesses deles. Eu já vi político sendo cassado aqui em Mato Grosso por envolvimento com dinheiro do crime”, disse.
Durante a entrevista, o governador também cobrou leis mais rígidas contra o crime organizado e lamentou as mortes de quatro policiais na Operação Contenção, destacando que os demais mortos eram criminosos com extensas fichas criminais.
“Eu lamento profundamente a morte daqueles policiais. Agora, aqueles bandidos? Vai ver a ficha de cada um. Eles escolheram essa vida. E quem escolhe o crime sabe que o destino é a cadeia ou a morte”, concluiu Mendes.
