A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (11), o contador Eduardo Cristian Martins Corrêa do Nascimento, de 30 anos, acusado de comandar um esquema milionário de fraude eletrônica com o uso de centenas de CNPJs de fachada. Nas redes sociais, ele se apresentava como “contador de empresários digitais” e mentor de negócios online.
A ação, batizada de Operação Domínio Fantasma, foi deflagrada pela Delegacia de Crimes Informáticos (DRCI) e cumpriu, além da prisão do suspeito, sete mandados de busca e apreensão, duas medidas cautelares alternativas e o sequestro de R$ 5 milhões, dois imóveis e cinco carros de luxo.
A Justiça também determinou a quebra de dados telemáticos, além da suspensão de dois perfis em redes sociais, três sites e três atividades econômicas ligadas ao grupo.
Eduardo foi preso em um condomínio de alto padrão na região do Despraiado, em Cuiabá (MT). No local, os investigadores apreenderam equipamentos eletrônicos. A esposa e o irmão do contador também foram alvos de mandados de busca.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito usava o conhecimento contábil para abrir empresas em massa e registrar sites falsos de comércio eletrônico, usados para aplicar golpes em consumidores de todo o país. Ele afirmava ser fundador das empresas EMX Contabilidade e EMX Recebimentos Real x USDT, além de ter criado mais de “4 mil CNPJs pelo Brasil”.
310 empresas criadas
As investigações começaram após um alerta da Secretaria de Fazenda (Sefaz) sobre a criação de inúmeras empresas vinculadas a um mesmo endereço na capital mato-grossense. A polícia identificou 310 empresas abertas entre 2020 e 2024, sendo que 182 já estavam baixadas ou suspensas. Muitas delas funcionavam apenas no papel, registradas em uma única sala comercial sem qualquer identificação real.
Como funcionava o golpe
O contador se apresentava como especialista em dropshipping e iGaming. Para manter o esquema, usava “laranjas” de baixa renda, de fora de Mato Grosso, para abrir empresas utilizadas na criação de sites falsos de venda de produtos.
Esses e-commerces anunciavam brinquedos, roupas e cosméticos, com patrocínio nas redes sociais. Em um dos casos, o grupo chegou a clonar o site de uma marca famosa de cosméticos para enganar consumidores.
As vítimas, de várias partes do Brasil, pagavam via Pix ou cartão de crédito, mas nunca recebiam os produtos. Os sites acumulavam reclamações no Reclame Aqui.
Segundo a polícia, o grupo mantinha uma estrutura estável e organizada para movimentar os valores e lavar o dinheiro obtido com as fraudes. As investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos e o total do prejuízo causado às vítimas.
