Quinze anos após o desaparecimento de Sara Pain, de 5 anos, o Tribunal do Júri de Sorriso, cidade localizada a 420 quilômetros de Cuiabá, concluiu o caso que mobilizou a região por mais de uma década. Na sexta-feira, 14 de novembro de 2025, o pedreiro Antônio Ramos Escobar, de 58 anos, foi condenado a 45 anos de reclusão em regime inicialmente fechado.
O desaparecimento ocorreu em 1º de junho de 2010, quando a criança brincava no quintal da casa da família, situada na Avenida Perimetral Sudoeste, bairro Primavera. As buscas envolveram equipes policiais e moradores, mas nenhuma evidência relevante foi encontrada na época. Diferentes versões circularam e parentes chegaram a ser investigados, porém o caso permaneceu sem solução por anos.
A investigação avançou apenas em setembro de 2020, quando Antônio Ramos Escobar foi preso e confessou o sequestro, o abuso e o homicídio da criança. Ele afirmou que levou Sara de bicicleta até uma obra nas proximidades, onde cometeu os crimes, e depois escondeu o corpo em um saco de estopa, enterrando-o em um terreno baldio. As escavações realizadas no ponto indicado não localizaram os restos mortais.
Durante a apuração, a polícia encontrou peças íntimas e objetos manchados de sangue guardados pelo réu, classificados como itens mantidos por ele após os crimes. Entre os materiais apreendidos estava a calcinha de Sara. Escobar possuía histórico criminal, incluindo envolvimento na morte de um jornalista em Goiás e outro caso de estupro.
Mesmo sem o corpo da vítima, o Ministério Público sustentou que o conjunto de provas era suficiente. O material incluía a confissão, depoimentos colhidos durante a investigação, o histórico criminal do acusado e os objetos encontrados. Os jurados aceitaram a argumentação e condenaram Escobar por homicídio qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver, totalizando 45 anos de pena.
O desfecho judicial encerra um processo que marcou Mato Grosso desde 2010 e oferece à família da vítima uma resposta aguardada por 15 anos.
