A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente o uso do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) em pacientes obesos. A mudança permite que dentistas também prescrevam o medicamento, antes indicado apenas para diabetes tipo 2. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 20.
Agora incorporado à chamada odontologia do sono, o Mounjaro se torna o primeiro fármaco oficialmente validado no Brasil para o tratamento da apneia do sono. A AOS é caracterizada por episódios de respiração irregular provocados pelo bloqueio total ou parcial das vias aéreas superiores, levando a sintomas como ronco, despertares frequentes e sonolência diurna.
A aprovação se baseou em estudos que já haviam demonstrado a eficácia da tirzepatida para a condição. A prescrição por dentistas, porém, segue limitada aos casos específicos de apneia e deve respeitar os limites éticos e legais da profissão.
Riscos
Apesar dos avanços, a liberação ampliada reacende preocupações. Embora eficaz no tratamento da diabetes tipo 2 e da AOS, o Mounjaro — assim como outras canetas emagrecedoras — possui efeitos adversos já documentados, que incluem dores na coluna e articulações, flacidez facial, queda de cabelo, problemas gastrointestinais e até formação de hemorroidas.
A comunidade médica teme que a nova possibilidade de prescrição aumente o risco de uso indiscriminado do medicamento. Profissionais defendem maior fiscalização para evitar que a expansão do acesso resulte em automedicação ou indicações indevidas, especialmente diante da popularização das canetas emagrecedoras.
