Ana Barros é jornalista em Cuiabá
Em tempos de comunicação acelerada, muitos clientes chegam à assessoria de imprensa acreditando que a simples contratação do serviço garantirá manchetes, destaques e entrevistas em sequência. Mas a verdade é que a assessoria de imprensa, apesar de estratégica e essencial para construção de reputação, não funciona como passe de mágica. Ela depende de método, relacionamento e, principalmente, da participação ativa do próprio assessorado.
Um dos pilares do trabalho é a produção de conteúdo relevante, e isso só é possível quando o cliente se dispõe a colaborar: fornecendo informações, disponibilizando fontes, oferecendo dados, abrindo agendas e compreendendo que comunicação é um processo de mão dupla. Não existe pauta forte construída apenas pelo assessor; a força da notícia nasce do que o cliente entrega como história, autoridade e contexto.
Outro ponto fundamental e frequentemente mal compreendido é o funcionamento da mídia espontânea. Ao contrário da publicidade, onde se compra espaço e se determina onde e quando o conteúdo será exibido, a assessoria lida com critérios jornalísticos. Isso significa que nenhum assessor pode garantir que uma pauta sairá em determinado veículo, muito menos controlar como ela será editada. O papel da imprensa é decidir o que é notícia. O papel do assessor é criar as melhores condições para que essa notícia aconteça: identificar ganchos, construir argumentos, oferecer pautas bem estruturadas e cultivar relações profissionais sólidas com os veículos.
A expectativa de “escolher onde quero sair” é compreensível, especialmente quando empresas e profissionais investem tempo e recursos em sua imagem. No entanto, sustentar essa expectativa pode gerar frustração e distorcer a compreensão sobre o que realmente faz a assessoria de imprensa: ela não compra espaço, não negocia tratamento editorial e não determina prioridades de redação. O assessor é um intermediário qualificado, não um operador de resultados garantidos.
Isso não significa, em hipótese alguma, que o assessor seja passivo. Pelo contrário: bons profissionais criam oportunidades, acompanham a movimentação das redações, constroem narrativas, fortalecem reputações e direcionam a comunicação de forma estratégica. Mas tudo isso só produz resultados consistentes quando existe colaboração e compreensão do processo por parte de quem contrata.
A assessoria de imprensa é, em essência, um trabalho de construção de credibilidade , e credibilidade não se compra, se conquista. Ela demanda tempo, alinhamento, conteúdo consistente e uma relação madura entre cliente, assessor e imprensa. Quando esses elementos caminham juntos, os resultados deixam de ser mágicos para se tornarem naturais.
Ana
