Presidio
Um norte-americano que passou 27 anos no corredor da morte foi libertado nesta semana após o pagamento de uma fiança de 150 mil dólares (cerca de 800 mil reais). Jimmie Duncan, condenado em 1998 pelo homicídio da filha de sua então namorada, teve a sentença anulada no início deste ano após novas análises apontarem que as provas usadas no julgamento eram inconsistentes.
Duncan havia sido considerado culpado pela morte de Haley Oliveaux, de 23 meses, acusação baseada em supostas marcas de mordida e conclusões de uma autópsia realizada por dois especialistas forenses. No entanto, o juiz Alvin Sharp, do Quarto Tribunal Distrital Judicial, concluiu que os indícios apresentados “não eram cientificamente defensáveis” e que o caso aparentava ser um afogamento acidental.
“A presunção de culpa não é grande”, escreveu o magistrado ao determinar a libertação mediante fiança. A decisão ainda está sendo analisada pelo Supremo Tribunal da Louisiana, que pode confirmar ou reverter a anulação da condenação.
Provas questionadas e possível inocência
Advogados de defesa afirmam que há “provas claras e convincentes” de que Duncan é inocente. Um vídeo anexado ao processo mostra um dos peritos pressionando deliberadamente um molde dentário no corpo da criança, criando as marcas que posteriormente foram apresentadas à Justiça como mordidas compatíveis com os dentes do acusado.
Os dois especialistas envolvidos no laudo já foram associados a pelo menos dez condenações sem fundamento ao longo da carreira, conforme documentos citados pela defesa.
Mãe da criança apoia absolvição
Allison Layton Statham, mãe de Haley e namorada de Duncan na época, declarou na audiência que está convencida da inocência do ex-companheiro. Segundo ela, a filha tinha histórico de convulsões, o que reforça a hipótese de acidente.
“Haley morreu porque estava doente”, afirmou. “As nossas vidas e a de Duncan foram destruídas pela mentira que divulgaram e que profanou a memória da minha bebê.”
Condenação ainda pode ser restabelecida
Apesar das evidências questionadas e do uso de metodologia considerada pseudocientífica, promotores da Louisiana tentam reverter a anulação, argumentando que o veredito do júri popular em 1994 deveria prevalecer.
Enquanto aguarda novas decisões judiciais, Jimmie Duncan — descrito por agentes penitenciários como um ‘prisioneiro modelo’ que ajudou outros internos a concluir o ensino médio — tenta reorganizar sua vida após quase três décadas aguardando a execução.
