
Presidente da OAB, Beto Simonetti,
O presidente da OAB, Beto Simonetti, foi categórico: “A medida não encontra respaldo legal e fere prerrogativas profissionais asseguradas pelo Estatuto da Advocacia.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu duramente a uma medida inédita adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF): a lacração de celulares de advogados como condição para participação em uma sessão judicial. A exigência partiu do ministro Cristiano Zanin, presidente da 1ª Turma da Corte, durante o julgamento de réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro.
O presidente da OAB, Beto Simonetti, foi categórico: “A medida não encontra respaldo legal e fere prerrogativas profissionais asseguradas pelo Estatuto da Advocacia.” A entidade já orientou os advogados a recusarem participar de qualquer ato judicial que condicione o ingresso em tribunais à entrega de aparelhos pessoais.
A OAB teme que a prática, mesmo sob justificativa de segurança, abra um perigoso precedente e vire protocolo em julgamentos considerados sensíveis — especialmente os relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Em ofício ao gabinete de Zanin, a entidade pediu que a medida não se repita nas sessões previstas para os próximos dias.
Simonetti também afirmou que “a defesa das prerrogativas não comporta relativizações” e que resguardar o livre exercício da advocacia é um dever institucional inegociável da Ordem.
Na última segunda-feira (28), Simonetti se reuniu com o ministro Zanin para discutir o caso. Contudo, o encontro não surtiu efeito prático: o STF ainda não recuou da decisão nem se manifestou publicamente sobre as críticas da OAB. O silêncio do Supremo, segundo bastidores, pode ser interpretado como sinal de endurecimento — ou desinteresse — diante da pressão da advocacia.