
Coceira, vermelhidão e irritação sempre fizeram parte da experiência de ser picado por um mosquito. Mas os riscos hoje vão muito além do incômodo. A presença de doenças graves transmitidas por mosquitos, como dengue, febre amarela, Zika vírus e Chikungunya, cresceu significativamente nos últimos anos, inclusive em regiões onde antes esses insetos não eram tão comuns.
“Mesmo em regiões em que os mosquitos não eram tão predominantes, como Sul e Sudeste, o índice de doenças transmitidas por insetos voadores cresceu nos últimos anos”, alerta o pediatra Luiz Renato Valério, do Hospital Pequeno Príncipe (PR).
Segundo ele, as crianças são as maiores vítimas, muitas vezes por não perceberem o que está acontecendo. “Quando os pais vão ver, os pequenos estão se coçando, têm 10, 20 picadas e nem lembram quando aconteceu”, conta o médico. Cabe aos adultos tomarem as medidas necessárias para prevenir essas situações.
Conheça os hábitos dos mosquitos
Entender o comportamento dos mosquitos é essencial na hora de se proteger. A professora de Ciências Biológicas Cecília Kosmann, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM-SP), explica que muitos mosquitos são mais ativos no amanhecer e entardecer, devido às temperaturas mais amenas. No entanto, isso varia entre as espécies.
O Aedes aegypti, por exemplo – transmissor da dengue – é ativo durante o dia todo, embora prefira locais sombreados quando o calor é excessivo. Já o Culex, o famoso pernilongo comum, tem hábitos mais noturnos e ataca principalmente quando estamos dormindo.
Calor favorece a proliferação
Os mosquitos se desenvolvem melhor em climas quentes e úmidos, por isso são mais comuns no verão. “Para eles, é mais confortável”, explica Cecília. Em países de clima mais frio, os insetos não conseguem completar seu ciclo de vida e, portanto, não se estabelecem de forma eficaz como nas regiões tropicais.
Plantas repelentes funcionam?
Embora seja comum ouvir que plantas como a citronela afastam mosquitos, não há comprovação científica de sua eficácia. Mais importante do que plantar é evitar que elas se tornem criadouros. “Se você tem plantas e não cuida devidamente, elas podem virar foco para mosquitos”, alerta Cecília. O ideal é fazer uma vistoria semanal no quintal, eliminar água acumulada em vasos e manter ralos limpos.
Luzes e roupas escuras: mitos ou verdades?
É verdade que algumas espécies de mosquitos são atraídas por luzes, mas apagar todas as lâmpadas não é uma solução eficaz – afinal, os pernilongos, por exemplo, são ativos mesmo no escuro. Em relação às roupas, a cor faz diferença. Mosquitos preferem tons escuros porque oferecem abrigo e camuflagem. Portanto, usar roupas claras pode ajudar a evitar as picadas, mas não substitui outras formas de proteção.
Atenção redobrada com as crianças
Blusas de manga comprida e calças ajudam a evitar picadas, embora sejam difíceis de usar no calor. Se possível, opte por roupas leves e claras ao sair no fim da tarde. E nunca dispense o uso do repelente – que deve ser adequado à idade da criança e aplicado com cuidado, evitando olhos, boca e mãos.
A prevenção contra os mosquitos vai além do conforto: trata-se de uma medida essencial para a saúde da família. Informar-se, adotar hábitos corretos e agir com constância são os passos para manter os insetos – e os riscos que eles trazem – bem longe de casa.