
Foto Midianews
A Polícia Federal afirma que Diego Cavalcante Gomes, um dos alvos da Operação Sisamnes, tentou destruir provas ao jogar seu celular pela janela de casa e acionar seu personal trainer para esconder o aparelho. A ação, descrita em relatório obtido pela PF, resultou na prisão preventiva do empresário sob suspeita de atuar como operador financeiro em um esquema de compra de decisões judiciais.
A operação foi deflagrada no último dia 13. Segundo o relatório da PF, os agentes chegaram às 5h50 à portaria do condomínio de Diego, em uma região administrativa de Brasília. Quando se identificaram na porta da casa, houve demora para que fosse aberta. Nesse intervalo, os policiais ouviram um barulho alto, sem identificar a origem.
Ao abrir a porta, Diego disse que seu celular havia sido deixado para conserto em uma loja no Shopping Iguatemi. No entanto, ao ser questionado sobre a nota de serviço, afirmou que ela estaria no escritório de advocacia onde trabalha — sem, contudo, informar o nome ou o endereço do local.
Na casa, os agentes apreenderam o celular da esposa de Diego e três veículos de luxo: dois Porsche e um T-Cross. Mas, desconfiados, os policiais decidiram investigar se o celular havia sido arremessado para fora da residência.
A PF descobriu que a esposa de Diego telefonou para o personal trainer dele, pedindo que localizasse e escondesse o aparelho. Imagens da portaria mostram que o personal entrou no condomínio às 7h42 e se dirigiu às casas dos fundos, andando pela contramão. Vizinhos relataram que um homem com roupa de academia pediu para entrar em suas residências sob o pretexto de que sua esposa havia jogado seu celular no quintal após uma briga. Um morador chegou a emprestar uma escada para a busca no telhado.
Diante do ocorrido, a PF pediu ao ministro Cristiano Zanin, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), a prisão preventiva de Diego. Ele foi preso no dia seguinte por tentativa de obstrução de Justiça. Uma nova busca foi realizada, mas o aparelho não foi encontrado.
A defesa de Diego afirma que o celular estava, de fato, em conserto, e que irá apresentar a nota fiscal do serviço. Os advogados dizem que a acusação de destruição de provas é uma “ilação” sem comprovação.
Operador de propina
Segundo a investigação, Diego recebeu R$ 6,5 milhões em transferências da empresa Florais Transportes, pertencente ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves — preso desde novembro por suspeita de corrupção no Judiciário. Desse montante, cerca de R$ 3,3 milhões teriam sido sacados em dinheiro vivo.
A PF suspeita que Diego atuava como operador financeiro no repasse de propina a agentes públicos em Brasília. A defesa nega qualquer atuação ilícita e afirma que Diego é empresário, sem envolvimento em atividades ilegais.