
Paulo Mathias Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, escreveu uma carta à Justiça de São Paulo pedindo o adiamento do júri popular, marcado para esta quinta-feira (29/5). Na carta, escrita à mão, o réu afirma estar insatisfeito com a defesa atual e diz que não concorda com a tese de legítima defesa adotada por seus advogados.
Corpo da matéria:
Datada de 15 de maio, a carta de Cupertino foi redigida no Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, onde ele está preso. No documento, ele relata surpresa ao reencontrar o defensor público que, segundo ele, havia sido destituído no início do processo. Cupertino afirma ter tido apenas uma hora para conversar com o defensor e relatar os acontecimentos do crime pelo qual é acusado — tempo que considera insuficiente para garantir sua defesa.
“Me vem novamente a surpresa, [a] duas semanas da data do novo júri, o ilustre defensor vem a esse CDP, e com muita atenção, sou levado a sua presença, onde tinha que narrar e esclarecer, em uma hora, tudo o que podia sobre o que sou acusado. Impossível, excelência”, escreveu o réu.
Cupertino afirma ainda que não compactua com a estratégia de defesa baseada em legítima defesa. “Essa tese não é verdade”, escreveu, enfatizando que deseja nomear um novo advogado que tenha tempo hábil para acessar o processo e reunir provas e testemunhas.
Além das críticas à defesa, ele também mencionou enfrentar problemas de saúde na prisão. No entanto, a carta não detalha quais seriam as condições clínicas nem se há acompanhamento médico.
O pedido de adiamento ocorre meses após o primeiro dia de julgamento, em 10 de outubro de 2023, quando Cupertino precisou ser algemado após tentar agredir os próprios advogados durante a sessão.
Contexto do caso:
Paulo Cupertino é acusado de matar, em 2019, o ator Rafael Miguel, conhecido pelo papel em Chiquititas, e os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, sob alegação de não aceitar o relacionamento do jovem com sua filha. O crime, cometido à luz do dia, chocou o país e gerou forte comoção pública. Cupertino ficou foragido por quase três anos até ser preso em 2022.
Apesar da carta e da destituição do defensor, até o momento o júri está mantido para esta quinta-feira (29/5). A Justiça ainda deve analisar o novo pedido de adiamento.