
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), e o deputado federal Emanuelzinho (MDB) voltaram a se confrontar publicamente, desta vez em razão das discussões no Congresso Nacional envolvendo a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a chamada PEC da Blindagem, que busca restringir investigações e prisões contra parlamentares, além de restabelecer o voto secreto em deliberações polêmicas.
O embate começou após Emanuelzinho criticar, em suas redes sociais, os deputados que apoiaram a urgência para votação da anistia. Segundo ele, os mesmos parlamentares também estiveram entre os que respaldaram a PEC da Blindagem. “Os que apoiam a anistia são os mesmos que apoiam a PEC da blindagem (bandidagem). Nenhuma surpresa. Falam bastante de mim, mas quando seus políticos de estimação cometem crimes, defendem blindagem e anistia”, publicou o emedebista.
A declaração irritou o prefeito Abilio, que reagiu em tom irônico, colocando em dúvida a credibilidade da Justiça brasileira e relembrando escândalos como o mensalão e o petrolão. Ele também destacou o alinhamento político de Emanuelzinho. “A Justiça funciona muito bem para prender corruptos flagrados com malas, caixas e até roupas recheadas de dinheiro. Por fim, nenhuma surpresa desse posicionamento seu, quando se é vice-líder do governo”, disparou.
Na sequência, Emanuelzinho gravou um vídeo para rebater. Ele lembrou que Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL — partido de Abilio —, foi condenado e preso no processo do mensalão. “O presidente do seu partido já foi preso várias vezes e você abraçado com ele. Isso mostra que sua indignação é seletiva. E não vamos esquecer que o senhor votou pela soltura de Chiquinho Brazão, assassino de uma vereadora mulher. Votou para tirá-lo da cadeia”, afirmou.
O caso citado pelo parlamentar ocorreu em 2024, quando Abilio ainda era deputado federal. À época, a Câmara analisava a prisão preventiva de Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Abilio votou contra a manutenção da prisão, justificando que a medida feria artigos da Constituição e criava um “precedente perigoso” no Legislativo.
Apesar disso, Brazão permaneceu preso por mais de um ano e teve o mandato cassado em abril de 2025. Atualmente, cumpre prisão domiciliar.