
Em mais uma de suas declarações incisivas, o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), reacendeu a polêmica sobre os rumos da educação pública na capital mato-grossense. Durante entrevista ao programa Conexão Poder, o gestor foi direto ao ponto: está analisando a possibilidade de privatizar parte do sistema educacional municipal, inspirado no modelo já utilizado na cidade de São Paulo.
Segundo Brunini, o plano não prevê a entrega total das escolas à iniciativa privada, mas sim uma parceria onde a gestão administrativa — como merenda, manutenção e logística — seria transferida para empresas, enquanto a parte pedagógica permaneceria sob responsabilidade da Prefeitura. O modelo é semelhante ao das chamadas “parcerias público-privadas educacionais” que têm ganhado corpo em outras capitais do país.
“Meu problema não é com os professores, é com o sistema de educação como um todo. Não dá para fingir que está tudo bem quando metade dos nossos alunos do 5º ano mal sabem ler ou fazer contas básicas”, disparou o prefeito. Segundo ele, os índices de aprendizagem estão abaixo do aceitável e a pressão por desempenho está incomodando alguns setores da própria rede.
Abilio não poupou críticas ao que chamou de “estrutura inchada e ineficiente”, mas se esquivou de fornecer um cronograma para a execução do projeto. A proposta, segundo ele, ainda está em análise técnica e jurídica.
Internamente, a possibilidade já acendeu alertas entre sindicatos e educadores. Nos bastidores, há quem veja a ideia como um teste político com foco eleitoral, já que o prefeito segue em pré-campanha à reeleição e busca se posicionar como um gestor que “rompe com velhos vícios”.
O movimento reforça o estilo direto e combativo de Abilio, mas abre margem para uma batalha jurídica e ideológica sobre os rumos da educação pública na capital. Afinal, privatizar a gestão — ainda que parcial — é uma decisão que exige muito mais que eficiência: exige diálogo, cautela e, principalmente, transparência com a sociedade.
