
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), ingressou com uma ação judicial contra o influenciador digital e suplente de vereador Leonardo Rondon (PT) após ser chamado de “desprefeito Abismo” em um vídeo publicado nas redes sociais. A gravação, que teve cerca de 2 mil visualizações, também critica o silêncio do prefeito diante das acusações contra dois de seus aliados políticos, os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Vidal (PSB), afastados dos cargos por determinação da Justiça na Operação Perfídia.
O processo foi movido por Abilio sob alegação de dano moral, com pedido de indenização no valor de R$ 30 mil. Na ação, os advogados do prefeito afirmam que a expressão usada por Rondon tem caráter ofensivo e busca “ridicularizar” e “diminuir” a imagem do gestor diante da opinião pública.
“A utilização da expressão ‘desprefeito Abismo’ é um ataque direto e pejorativo à honra objetiva e subjetiva do Autor, buscando diminuir sua autoridade, sua capacidade de gestão e sua dignidade como chefe do Poder Executivo Municipal”, diz um trecho da ação.
No vídeo, Rondon critica o silêncio de Abilio frente às investigações que atingem aliados do seu grupo político. “Estão completando agora quatro meses de gestão da atual Prefeitura de Cuiabá e já tem casos de corrupção. E aí, desprefeito Abismo, o que você tem a dizer?”, questiona o petista, que também ironiza o líder do governo na Câmara, Dilemário Alencar, afirmando que ele estaria mais preocupado com a eleição do próximo ano do que com as denúncias.
A edição do vídeo ainda exibe uma manchete jornalística em que o próprio prefeito afirma não ter nada a declarar sobre os escândalos. Rondon encerra o vídeo dizendo que “nada mudou em Cuiabá” e chama a Câmara Municipal de “Casa dos Horrores”.
Apesar das críticas, a defesa de Abilio argumenta que o prefeito não tem qualquer envolvimento nos casos investigados pela Polícia Civil e que, embora a liberdade de expressão seja um direito garantido, ela não é ilimitada.
“Tais críticas devem, no mínimo, guardar correspondência com a realidade dos fatos, sob pena de atingirem indevidamente a honra, a reputação e a imagem do Requerente”, pontua outro trecho do processo.
A ação judicial reaquece a tensão entre grupos políticos opostos na capital, especialmente agora que o embate envolve diretamente um representante do Partido dos Trabalhadores (PT) e um prefeito com forte atuação nas redes sociais. O caso ainda deve gerar repercussões no campo jurídico e político, em um ano que já começa marcado por embates ideológicos e disputas narrativas.