
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), anunciou que participará da audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da CS Mobi, marcada para esta quarta-feira (24), na Câmara Municipal. Embora não pudesse ser convocado por lei, o gestor afirmou ter se convidado para prestar depoimento, com a intenção de “colaborar de maneira proativa” e detalhar os problemas do contrato firmado com a concessionária.
Durante entrevista, Abilio voltou a criticar duramente o acordo. Segundo ele, o contrato é oneroso e pouco vantajoso para o município. “O que mais preocupa é pagar muito e ter pouco retorno. A gente paga um valor muito alto, o valor é prendido diretamente da conta da prefeitura. No último mês foi R$ 5 milhões e pouco”, declarou.
O prefeito deixou claro que defende a rescisão do contrato, mas destacou que a medida não pode ser tomada de forma unilateral. “Meu desejo é a rescisão do contrato, mas eu não posso tomar essa decisão sozinho. Eu preciso do Tribunal de Contas, do Ministério Público para que essa decisão seja tomada em conjunto”, afirmou.
Abilio também ironizou a aceleração das obras do Mercado Municipal Miguel Sutil, um dos pontos mais polêmicos da concessão. Ele disse que o empreendimento favorece a própria empresa e que o município só terá direito de usufruir da área pública em 30 anos.
A CPI
A comissão foi instaurada em 10 de fevereiro deste ano para apurar supostas irregularidades no contrato entre a Prefeitura de Cuiabá e a CS Mobi. Entre os principais questionamentos estão a legalidade das cláusulas, a vantagem ou não do contrato para a capital e, especialmente, o repasse mensal de R$ 650 mil à empresa, garantido com recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Desde o início, a CPI realizou seis oitivas e três reuniões internas, ouvindo figuras como o ex-prefeito Emanuel Pinheiro, o ex-procurador-geral do Município, Benedicto Miguel Calix, a ex-secretária da Semob, Regivânia Alves, e o ex-secretário Francisco Antônio Vuolo, responsável pela assinatura do contrato. A comissão também fez visitas técnicas às obras do Mercado Miguel Sutil.
O prazo de funcionamento foi prorrogado por 120 dias, estendendo-se até 10 de outubro. O relatório final deverá avaliar se a CS Mobi cumpriu suas obrigações, como a modernização do Centro Histórico e a entrega do mercado, além de recomendar eventuais medidas administrativas ou judiciais.