
Uma investigação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) resultou em uma operação de busca e apreensão nesta semana, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, após denúncias de crimes sexuais e divulgação de vídeos íntimos sem consentimento. O principal investigado é João Vitor Mendonça, de 27 anos, que teve sua residência alvo da Operação Privacidade Protegida na última quarta-feira (2).
Durante a ação, foram apreendidos celulares, computadores e oito armas de fogo – entre pistolas, revólveres e uma carabina – além de mais de 70 munições. O material será periciado para apurar a existência de provas e possíveis novas vítimas. João Vitor foi conduzido à delegacia em flagrante e também é investigado por posse ilegal de arma.
A denúncia inicial foi feita pela advogada Kamilla Mello, de 29 anos, que afirma ter sido alvo de uma tentativa de violação e relata que, desde que expôs o caso nas redes sociais, mais de 40 mulheres entraram em contato com relatos semelhantes. “Ele comete esses crimes de forma habitual, e ninguém fazia nada. Eu não podia mais ficar calada”, desabafa.
Kamilla também revelou o nome do investigado em entrevista ao O Tempo Betim e relatou casos de abuso psicológico, ameaças e manipulação emocional envolvendo outras supostas vítimas. Algumas mulheres relataram ter sido forçadas, dopadas ou chantageadas com imagens íntimas.
Defesa e posicionamento
João Vitor negou as acusações, que classificou como “infundadas e descabidas”. Em nota enviada à reportagem, ele afirma colaborar com a investigação e sugere que a denúncia teria motivação midiática. Sobre o armamento, alegou que as armas pertenciam ao avô, um delegado aposentado com Alzheimer.
Os advogados de defesa reforçaram que o processo corre sob segredo de justiça, e que qualquer antecipação de culpa fere o princípio da presunção de inocência garantido pela Constituição.
A Polícia Civil ainda não confirmou se há inquérito instaurado sobre o caso. O MPMG segue com as investigações, e o material apreendido será analisado para apurar a extensão dos crimes.
A advogada Kamilla Mello encabeça um movimento nas redes para incentivar outras mulheres a denunciarem situações semelhantes. “Meu sentimento de revolta é maior do que a minha vergonha. Por isso, eu quero ir até o fim”, afirma.