
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após a parlamentar anunciar, nesta terça-feira (3/6), que deixou o Brasil rumo à Europa. Condenada pela Suprema Corte a 10 anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli diz que está fora do país “há alguns dias” e alega que busca tratamento médico.
A PGR fez o pedido de forma física, alegando risco de fuga e descumprimento de medidas judiciais. A parlamentar foi considerada autora intelectual do ataque cibernético ao CNJ, ocorrido em janeiro de 2023. A operação foi executada pelo hacker Walter Delgatti Neto, que afirmou à Polícia Federal ter recebido instruções, um texto a ser inserido no sistema e pagamentos que somam R$ 13,5 mil diretamente da deputada.
Zambelli, no entanto, tenta se manter como parlamentar em exercício — o que, até esta terça-feira, ainda constava no site da Câmara dos Deputados. Segundo a decisão do STF, a perda do mandato só será efetivada com a deliberação da Casa Legislativa, mas sua inelegibilidade por 8 anos já está em vigor.
“Eu tenho cidadania europeia, estou muito tranquila”, afirmou a deputada ao canal AuriVerde, no YouTube. “Não é desistir do país, é resistir. É voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs”, declarou, prometendo denunciar o Brasil em diversas cortes europeias.
Defesa abandona o caso
Logo após o anúncio da viagem ao exterior, os advogados que representavam Zambelli deixaram a causa. A defesa vinha tentando anular a condenação com a alegação de cerceamento de defesa, afirmando não ter tido acesso completo a provas armazenadas na plataforma “mega.io”, que somam mais de 700 GB de dados.
Estado de saúde e tentativa de comoção
Em maio, Zambelli afirmou que não sobreviveria ao cumprimento da pena, alegando sofrer de síndrome de Ehlers-Danlos, além de problemas cardíacos e depressão severa. Ela disse ter laudos médicos indicando riscos graves caso fosse encarcerada, argumento que pode ser apresentado futuramente em nova tentativa de reversão da pena.
Agora, caberá ao STF decidir se acolhe o pedido de prisão preventiva e quais os próximos passos diante da nova reviravolta política e judicial envolvendo uma das parlamentares mais polêmicas da legislatura.