
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifestou preocupação com as tarifas aplicadas pelo governo dos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras e ressaltou a importância de priorizar o diálogo diplomático para superar o impasse.
O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, destacou que o Brasil é o único país do G20 que ainda não estabeleceu uma frente de conversação direta com os EUA após a medida. Para ele, é necessário um posicionamento mais claro do Governo Federal.
“Independente de termos chanceler e diplomata, a maior autoridade político-diplomática de um país é o presidente da República. Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos batem à porta na nossa cara, também enviam um recado de que o presidente precisa dialogar. Essa é uma preocupação diante da morosidade, somada ao discurso praticamente solitário do presidente brasileiro sobre a desdolarização, enquanto até mesmo países do BRICS, como a Índia, evitam insistir nesse assunto”, afirmou.
Embora soja e milho não estejam entre os produtos diretamente afetados, a medida tem impacto indireto na cadeia produtiva, já que os grãos compõem a base da nutrição animal utilizada na produção de carnes exportadas aos EUA. Produtos como café, frutas, pescado e mel também podem enfrentar maiores barreiras de acesso ao mercado norte-americano, pressionando ainda mais o setor agropecuário.
A Aprosoja MT alerta que uma eventual retaliação tarifária por parte do Brasil poderia agravar os prejuízos e colocar em risco a economia do país. “Falar em reciprocidade não protege a economia brasileira, apenas cria um cenário político para o presidente falar em soberania. Pensando de forma racional, seria um grande desastre insistir nesse caminho sem antes buscar o diálogo com os Estados Unidos”, afirmou Beber.
O presidente da entidade reforçou que conflitos geopolíticos não devem penalizar o campo e a sociedade brasileira. Segundo ele, neutralidade, diplomacia e manutenção de mercados abertos são essenciais para preservar a economia nacional.
“Nós temos que insistir que em momento algum podemos atacar. É fundamental manter a relação comercial. Quando o presidente insiste no discurso de desdolarização, aumenta o risco-país e afasta investidores. Se a economia interna estiver aquecida, teremos mais consumo e mais disputa internacional pelos nossos alimentos. O Brasil tem que escolher: ou fecha de vez, ou segue como país aberto, em diálogo neutro com todas as nações”, afirmou.
A Aprosoja MT reforça que seguirá acompanhando o tema, defendendo soluções que preservem os produtores rurais e garantam estabilidade para o setor agropecuário brasileiro.