
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de transferir o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves para prisão domiciliar foi motivada pelo estado crítico de saúde em que ele se encontrava após oito meses de detenção. Acusado de comandar um suposto esquema de venda de sentenças judiciais, Andreson perdeu mais de 30 quilos durante o período em que esteve preso e apresentou quadro de desnutrição, dores constantes, episódios de diarreia e sintomas de depressão profunda.
Em um laudo médico enviado ao ministro Cristiano Zanin, relator do caso no STF, a defesa apontou risco de paralisia e agravamento de doenças pré-existentes, como diabetes. Na mesma ocasião, uma carta pessoal do lobista ao ministro revelou pensamentos suicidas e a ausência de acompanhamento clínico adequado no sistema prisional.

A condição de saúde sensibilizou o STF, que concedeu a prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, autorizando Andreson a cumprir a pena em casa, em Primavera do Leste (MT), onde está desde a última quinta-feira (17).
A imagem do lobista com aparência esquelética e visivelmente debilitada viralizou nas redes sociais no fim de semana, causando surpresa e reacendendo o debate sobre o escândalo que o colocou no centro da Operação Sisamnes — investigação que expôs uma rede de corrupção com ramificações no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Preso desde novembro de 2024, Andreson foi apontado como figura-chave no suposto esquema que teria envolvido advogados, juízes e lobistas na negociação de decisões judiciais. A operação foi deflagrada após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, fato que desencadeou uma série de revelações sobre o funcionamento da rede criminosa.
Durante o tempo em que esteve detido em Cuiabá e, posteriormente, na Papuda, em Brasília, o lobista enfrentou sérias dificuldades alimentares. Mesmo com a autorização da Justiça para receber uma dieta especial, incluindo carnes, sucos naturais e isotônicos, a deterioração física se agravou.
Em liberdade provisória, Andreson continua sendo investigado e pode voltar a prestar depoimentos, agora sob vigilância eletrônica. Considerado um possível “arquivo vivo” do esquema, sua delação — ou silêncio — segue no radar das autoridades que investigam um dos maiores escândalos já ligados ao Judiciário brasileiro.