
O Brasil tem observado um crescimento no número de pessoas que se identificam como sem religião, especialmente entre os jovens. Durante sua participação no programa WW, o sociólogo e cientista político Alberto Carlos Almeida discutiu esse fenômeno e suas implicações sociais. Almeida destaca que, embora muitos jovens mantenham a crença em Deus, há uma tendência crescente de evitar vínculos formais com instituições religiosas, refletindo uma busca por espiritualidade mais individualizada, sem a necessidade de adesão institucional.
O estudo liderado por Almeida também revela um aumento no apoio ao literalismo bíblico, não apenas entre evangélicos, mas também entre católicos. Para conter a perda de fiéis, a Igreja Católica tem adotado uma interpretação mais literal das escrituras, afastando-se da visão tradicional que considera os textos como inspirados por Deus. Além das questões religiosas, o estudo aborda mudanças na identidade racial dos brasileiros. Observa-se um aumento significativo na proporção de pessoas que se autodeclaram pardas e pretas, influenciado por fatores como a cor da pele e a classificação racial em documentos oficiais. Interessantemente, a associação entre raças e continentes de origem diminuiu, indicando uma percepção mais fluida e menos rígida das categorias raciais.
Essas transformações apontam para uma sociedade brasileira em processo de redefinição de suas crenças e identidades. O aumento de pessoas sem religião e as mudanças na interpretação das escrituras refletem uma busca por espiritualidade mais pessoal e menos institucionalizada. Simultaneamente, a evolução na autodeclaração racial sugere uma maior flexibilidade e consciência sobre as questões raciais no país, com implicações significativas para o futuro da religião e da identidade no Brasil.